João Santana e Dilma Rousseff (Paulo Whitaker/ Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 16h38.
São Paulo – Entre outubro e novembro de 2014, a construtora Odebrecht teria pagado 4 milhões de reais para João Santana, marqueteiro das três últimas campanhas petistas à presidência. As informações são da revista Época.
Ele e sua mulher, Monica Moura, foram presos na última terça-feira no âmbito da Operação Lava Jato sob a suspeita de terem recebido, em contas secretas no exterior, dinheiro desviado no esquema de corrupção da Petrobras.
De acordo com a revista, a Polícia Federal (PF) apreendeu uma planilha em escritórios da Odebrecht com o título “Feira-evento14” que listava sete pagamentos que somam 4 milhões de reais.
Um dos repasses, segundo a planilha, teria sido feito em 7 de novembro de 2014 – exatos 12 dias após a vitória de Dilma Rousseff nas urnas. Em tempo: Santana era o responsável pelo marketing eleitoral da campanha à reeleição da petista.
Para a PF, “Feira” era o apelido que Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva seu sobrenome, usava para se referir a João Santana.
O casal de marqueteiros nega, contudo, que Feira seja uma referência a Santana. Ambos admitiram que receberam dinheiro de caixa 2 de campanhas na Venezuela e Angola. Eles negam qualquer transação ilegal pelos serviços prestados no Brasil.
Operação Acarajé
Na última segunda-feira, a Polícia Federal deflagrou a 23ª fase da Operação Lava Jato, que tinha como alvos Santana, sua esposa e funcionários da Odebrecht.
A PF apurou que a Odebrecht, por meio de offshores (empresas no exterior), depositou 3 milhões de dólares em uma conta da offshore Shellbill Finance SA, que pertence ao casal, entre abril de 2012 e março de 2013.
A suspeita é de que parte desse valor tenha sido investido por Santana em um apartamento de 3 milhões de reais em São Paulo - o imóvel foi sequestrado pela PF na segunda.
Além desses depósitos, a PF constatou o repasse de 4,5 milhões de dólares para a mesma conta entre setembro de 2013 e novembro de 2014. A operação teria sido conduzida pelo engenheiro Zwi Skornicki, representante do estaleiro Keppel Fels no Brasil e investigado por pagar propina para os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Nestor Cerveró. Ele foi preso preventivamente no início da semana.