Membros da Defesa Civil deixam a área onde ocorreu o acidente com guindaste no Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2013 às 18h05.
São Paulo - O acidente no estádio de São Paulo para a Copa do Mundo de 2014 pode atrasar a conclusão das obras até fevereiro, mas a Fifa não está preocupada com o adiamento, já que a arena deve ficar pronta a tempo de sediar o jogo de abertura do torneio, em junho, disse à Reuters nesta quinta-feira uma fonte com conhecimento direto da situação.
Uma investigação preliminar sobre o acidente de quarta-feira, no qual um guindaste caiu e matou dois operários, indicou que os danos estão restritos à área atingida e não afetou as arquibancadas -- o que poderia levar mais tempo para se consertar.
Na manhã desta quinta-feira, a Defesa Civil de São Paulo realizou uma inspeção na Arena Corinthians, na zona leste da capital, e confirmou que 30 por cento da área leste do estádio foi interditada, o que corresponde a menos de 5 por cento do total.
Para conseguir mexer no local, a construtora responsável pelas obras, a Odebrecht, precisa entrar com pedido na prefeitura. As obras no restante do estádio podem continuar, segundo a Defesa Civil, mas estão paralisadas até segunda-feira, em luto pela morte dos dois trabalhadores.
Segundo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, as obras no estádio não serão interrompidas pelo acidente. "As obras no estádio vão continuar. O que houve foi a interdição de 30 por cento de uma quarta parte do estádio", disse Aldo a jornalistas em Brasília.
Questionado se a Fifa estaria disposta a aceitar um adiamento até fevereiro, ele respondeu: "Não conversei com a Fifa sobre esse assunto".
A área danificada levou cerca de 35 dias para ser construída, e experiências anteriores sugerem que levará cerca de duas vezes esse tempo para limpar os destroços e reconstruir, disse a fonte ouvida pela Reuters.
Se o trabalho recomeçar na segunda-feira, como os construtores acreditam, a data de entrega --acertada com a Fifa para dezembro-- pula para o início de fevereiro. Segundo o site do estádio, as obras estavam 94 por cento concluídas nesta semana.
A fonte, que falou sob condição de anonimato porque a investigação sobre o acidente está em curso e é delicada, expressou "grande confiança" no cronograma, mas disse que está sujeito a alteração, de acordo com a investigação realizada pelas autoridades locais.
"A reconstrução não é uma coisa difícil de fazer", disse a fonte. "Todo mundo está de luto pelos trabalhadores, mas calmo sobre a construção em si." Se a previsão se confirmar, seria um alívio para os conturbados preparativos do Brasil para construir estádios e outras obras importantes de infraestruturas a tempo para o início do Mundial, em 12 de junho.
A Fifa afirma que todos os estádios que serão utilizados no evento precisam ser concluídos até o final de dezembro, depois de atrasos registrados na Copa das Confederações, em junho, quando apenas duas das seis arenas ficaram prontas no prazo determinado.
No entanto, a fonte disse que a Fifa está disposta a prorrogar o prazo da Arena Corinthians, conhecida também como Itaquerão, por alguns meses, caso necessário, porque a construção começou um ano depois dos outros estádios.
"O cronograma necessário para entregar o estádio está garantido", disse a fonte.
Um porta-voz da Odebrecht não quis comentar o assunto. Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e responsável pelas obras, não atendeu a telefonemas ou mensagens de texto para comentar.
Uma porta-voz da Fifa disse à Reuters por email que é "prematuro" prever em quanto tempo a obra pode atrasar devido ao acidente.
Possíveis Causas
O acidente aconteceu no começo da tarde, quando o guindaste que içava o último módulo da estrutura da cobertura metálica do estádio tombou, provocando a queda da peça sobre parte da área de circulação do prédio leste e atingindo parcialmente a fachada com painel de LED.
A investigação inicial identificou quatro possíveis causas do acidente, segundo a fonte. Elas incluem a quebra do guindaste devido ao peso da cobertura; erro do operador do guindaste; erro processual em fixar a peça da cobertura no guindaste; e o guindaste ter perdido aderência ao chão por causa das chuvas recentes, o que a fonte disse que era "muito plausível".
Segundo a Odebrecht, a peça içada pesava 420 toneladas, e o guindaste tinha capacidade de suportar um peso até três vezes maior do que este.
Um risco para o cronograma das obras seria uma investigação judicial demorada. No entanto, o Ministério Público do Estado de São Paulo informou na quarta-feira que iria suspender a construção "somente se os elementos técnicos indicarem a necessidade da suspensão das obras".
Mais cedo nesta quinta-feira, os construtores pediram uma substituição para a peça destruída da cobertura, que é feita no Brasil, disse a fonte.
Um inspetor da polícia também declarou que autorizaria os trabalhadores a remover a peça o mais rápido possível, completou a fonte.
Atualizado às 19h04min de 28/11/2013, para adiconar mais informações.