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O que explica o maior surto de febre amarela no Brasil

Até o momento, não há uma única explicação para a proliferação da doença, mas especialistas estudam duas hipóteses

Produção de vacinas contra a febre amarela (Reuters/Reuters)

Produção de vacinas contra a febre amarela (Reuters/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 5 de março de 2017 às 07h00.

Última atualização em 15 de março de 2017 às 16h12.

São Paulo – Desde o início da série histórica, o Brasil nunca viu um surto de febre amarela como o registrado nos últimos dois meses. Até o último dia 02, o país já contabilizava 352 casos confirmados de febre amarela silvestre e 113 mortes confirmadas. Em 2000, data do último surto da doença, foram  85 e 39, respectivamente. Os dados começaram a ser contados pelo Ministério da Saúde em 1980.

Apesar dos números alarmantes, por enquanto, ainda não há registro de que a doença tenha atingido zonas urbanas, onde a patologia foi erradicada em 1942.

Segundo especialistas, todos os casos foram transmitidos pelo mosquito Haemagogus, que vive em matas. Por isso, as pessoas infectadas na atual onda da doença ou moravam próximas de florestas ou entraram nessas matas.

“Um surto de febre amarela silvestre nos seres humanos só acontece quando a população entra mata dentro. Esse mosquito não sobrevive em áreas urbanas, apenas em vegetações”, diz Sérvio Pontes, professor de ecologia e evolução da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Não existe, ainda, uma única explicação para a proliferação do vírus, mas os cientistas trabalham com duas hipóteses principais para entender como tudo começou.

A principal delas é de que o desmatamento e a extinção de espécies possam ter causado um desequilíbrio ecológico nas matas brasileiras. “É possível que os mosquitos estejam em maior quantidade do que o suportado”, diz Sérgio Lucena, professor de zoologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Lucena afirma que outra questão ainda sem resposta é como a febre amarela está passando de uma floresta para outra, uma vez que os macacos não têm essa mobilidade.

“Não podemos descartar a transmissão da doença pelo ser humano. Uma pessoa infectada, mas que não apresentou ainda os sintomas, ao ser picada novamente, pode contaminar o mosquito que o picar e assim, passar a doença adiante”, diz.

Pontes também alerta para o perigo que o desmatamento causa para a proliferação de doenças como essa. “É muito importante que a população saiba que é preciso preservar o meio ambiente para conter surtos de diversas doenças. Quando os transmissores encontram um espaço, eles nos contaminam com doenças tropicais”

Prevenção

Até o momento, 19 estados mais o Distrito Federal têm indicação para a vacina contra febre amarela silvestre. Veja aqui a lista completa do Ministério da Saúde.

Segundo José Carlos Magalhães, biólogo virologista da Universidade de São João del Rey, tomar a vacina protege em 95% o ser humano e impede que a doença se espalhe às cidades. “O Ministério da Saúde pede duas vacinas durante a vida: uma após os 6 meses de idade e outra após os 4 anos. Neste momento, para os grupos de risco, orienta-se que mesmo já vacinado, se tome um reforço”, afirma.

Fazem parte do grupo de risco pessoas que moram em estados que concentram florestas silvestres, nas quais o mosquito Haemagogus se reproduz. Para esse grupo, a recomendação é não deixar água parada em casa.

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