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O que esperar da secretaria de Cultura com Regina Duarte

Pasta é dominada por discípulos de Olavo de Carvalho, que colocou o combate ao “marxismo cultural” como prioridade dos conservadores

Regina Duarte: segundo o presidente, Regina terá total carta branca para tomar as atitudes que quiser (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Regina Duarte: segundo o presidente, Regina terá total carta branca para tomar as atitudes que quiser (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

AJ

André Jankavski

Publicado em 30 de janeiro de 2020 às 06h38.

Última atualização em 30 de janeiro de 2020 às 12h34.

São Paulo — O noivado virou casamento. A atriz Regina Duarte aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro e se tornará a quarta secretária especial de Cultura desde janeiro do ano passado.

Segundo o presidente, Regina terá total carta branca para tomar as atitudes que quiser. No entanto, segundo o colunista Lauro Jardim, do Globo, a secretária teria sido orientada a não liberar verbas para projetos de esquerda, especialmente aqueles com temática LGBT.

A agora secretaria ainda não deu sinais de quais serão os objetivos de longo prazo dentro da pasta. No entanto, já mostrou que dificilmente irá tomar atitudes que desagradem o chefe.

Ela convidou a pastora Jane Silva para ocupar o posto de secretária especial adjunta de Cultura. Um dos primeiros planos apresentados seria a abertura de eventos para a “família” ao lado de cada baile funk, também segundo a coluna de Lauro Jardim.

Desde o início do governo Bolsonaro, a secretaria de Cultura, assim com o Ministério da Educação, tem sido dominada por discípulos do guru e filósofo Olavo de Carvalho. Aliás, um dos temas mais debatidos por Carvalho em seus cursos de filosofia é a “guerra cultural”.

Para o filósofo, “existe uma dominação tirânica, opressiva e ditatorial exercida pelos comunistas nos últimos 50 anos.” O nome disso? “Marxismo cultural”. Não foi por acaso que houve uma limpa na secretaria desde o início do governo Bolsonaro: 80 servidores foram transferidos para outras áreas. Muitos deles eram considerados “petistas infiltrados”.

Entre os secretários que ocuparam a pasta nos últimos 13 meses, o do diretor de teatro Roberto Alvim foi o mais marcante. Em um vídeo para anunciar um novo projeto de concurso cultural neste mês, Alvim plagiou frases de Joseph Goebbels, ex-ministro da Propaganda da Alemanha nazista. A estética do vídeo, com música de Wagner, compositor preferido de Adolf Hitler, também ajudou na comparação e na exoneração do agora ex-secretário.

Esse será o cenário que Regina encontrará na secretaria a partir de agora. A sua escolha dividiu as opiniões de celebridades e artistas brasileiros. Aqueles mais à esquerda fizeram galhofa. Outros, de perfil mais conservador, comemoraram. Regina já sabe que terá o seu contrato com a Rede Globo encerrado – a partir de agora, a atriz sabe que virou política.

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