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"O maior interessado na verdade sou eu", diz Lula a Moro

A defesa de Cunha quis saber de Lula detalhes sobre a nomeação dos engenheiros Nestor Cerveró e Jorge Zelada para a diretoria da Petrobras

Lula: o Ministério Público Federal perguntou a Lula sobre os partidos que tinham participação na indicação de cargos na Petrobras (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

Lula: o Ministério Público Federal perguntou a Lula sobre os partidos que tinham participação na indicação de cargos na Petrobras (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 21h11.

Última atualização em 30 de novembro de 2016 às 21h17.

São Paulo - Durou 9 minutos e 44 segundos o primeiro "encontro" entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato.

O petista foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e prestou depoimento por meio de videoconferência, de São Bernardo do Campo (SP).

"Sr ex-presidente, como eu lhe adiantei, Vossa Excelência foi arrolada como testemunha. Na condição de testemunha, Vossa Excelência tem um compromisso com a Justiça em dizer a verdade e responder as questões que lhe foram feitas. Perfeito?", afirmou Moro.

"Olha, eu fui, inclusive, comunicado pelos meus advogados que não seria necessário responder, mas eu quero dizer que eu faço questão de responder. O maior interessado na verdade sou eu", disse Lula.

"A Justiça agradece, sr ex-presidente", retornou o juiz da Lava Jato. "Vou advertir Vossa Excelência apenas pelo que diz o Código de Processo Penal, que se Vossa Excelência faltar com a verdade, Vossa Excelência fica sujeita a um processo criminal, certo?"

"Certo", afirmou Lula.

"Como existe e é sabido que existe uma ação proposta contra Vossa Excelência pelo Ministério Público Federal, se houver alguma indagação que Vossa Excelência entenda que a resposta lhe prejudica de alguma forma, fica esclarecido que Vossa Excelência tem o direito ao silêncio em relação a elas", observou Moro.

Lula depôs em ação penal em que Eduardo Cunha é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. O petista também é réu em processo na 13ª Vara Federal, de Curitiba, sob tutela do juiz Moro, mas em outro processo.

A defesa de Eduardo Cunha quis saber de Lula detalhes sobre a nomeação dos engenheiros Nestor Cerveró e Jorge Zelada para a diretoria da Petrobras.

Lula disse desconhecer a suposta participação do ex-presidente da Câmara na nomeação do engenheiro Jorge Zelada para a diretoria Internacional da Petrobras e na compra do campo de petróleo de Benin, na África.

O Ministério Público Federal perguntou a Lula sobre os partidos que tinham participação na indicação de cargos na Petrobras.

"Veja, todos os partidos que compuseram a base do governo. Eu já expliquei mais que uma vez que quando um partido compõe uma aliança política para governar, todos os partidos que compõem podem reivindicar ministério e cargo. Esses partidos, então, fazem parte do governo. Era assim que era montado antes, durante e depois. E é assim que é montado agora", relatou Lula.

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