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O impeachment sob nova direção

Após ser aceito na Câmara com folga, o pedido de impeachment sai da esfera direta de influência de Eduardo Cunha e passa para Renan Calheiros

O presidente do Senado, Renan Calheiros: ao contrário de Cunha, Renan tem preservado uma relação amistosa com o governo (Paulo Whitaker/REUTERS)
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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 16h30.

O impeachment muda de fase, mas segue no topo das preocupações do mercado, que torce para o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff não perder ritmo ao deixar a Câmara e chegar ao Senado.

Da mesma forma, a formação da equipe de um eventual governo de Michel Temer é vista como decisiva.

Após ser aceito na Câmara com folga de 25 votos, o pedido de impeachment sai da esfera direta de influência do deputado Eduardo Cunha, que jamais escondeu o esforço para acelerar o processo.

Agora, passa a ser conduzido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que, ao contrário de Cunha, tem preservado uma relação amistosa com o governo.

Analistas do mercado contam com a vitória expressiva do “sim” na Câmara como um acelerador do processo no Senado. “Talvez o Senado não agilize o andamento como ocorreu na Câmara, mas o processo vai caminhar”, diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria Integrada. “Não há espaço para segurar o processo depois do que aconteceu na Câmara.”

O presidente do PMDB, Romero Jucá, disse que Dilma poderá ser afastada em até 15 dias. Segundo os jornais, aliados de Temer buscam acelerar ao máximo a tramitação. Uma das preocupações do vice seria evitar que, caso Dilma mantenha o poder por mais tempo, sejam adotadas medidas que prejudiquem o novo governo.

"O Renan está numa sinuca de bico”, diz Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos. Pela magnitude dos votos obtido pelo impeachment na Câmara, Renan deve no mínimo ser neutro, podendo até adotar um ritmo mais rápido, segundo o profissional. “Ele não vai ficar na frente, criando obstáculos diante da votação. Sabemos que o PMDB pula rápido para onde está o poder.”

As sondagens dos jornais mostram vantagem do “sim” para a primeira votação no Senado, com 45 a 47 votos pró-impeachment. O mínimo necessário é 41. Se o pedido for aceito, Dilma será afastada por até 180 dias e substituída pelo vice. Ao final deste prazo, o impeachment será novamente votado, com necessidade de 2/3 dos votos para Dilma ser impedida definitivamente.

Com o impeachment entrando em sua fase decisiva, cresce também a expectativa do mercado em relação aos eventuais nomes da equipe de Temer para a área econômica. A definição do ministério será a “primeira grande medida” para ganhar a confiança dos investidores, diz Campos Neto, da Tendências.

O presidente não deve perder a oportunidade de escolher nomes de peso, que combinem formação técnica e experiência, diz o economista. “O tempo de Temer será escasso. Por isso, precisa de nomes que tenham impacto rápido sobre as expectativas antes mesmo de adotarem qualquer medida”.

Se o novo governo não agradar os investidores com os nomes de sua equipe, ele poderá perder apoio rapidamente, diz Marcelo Giufrida, CEO da Garde Asset Management. Para ele, medidas como a melhora da governança nas empresas estatais e uma reforma tributária também poderiam ter impacto positivo sobre os mercados.

Entre as medidas de médio e longo prazo mais desafiadoras para um eventual novo governo, Campos Neto cita as reformas da Previdência e trabalhista, ambas politicamente sensíveis. Como possíveis iniciativas de efeito rápido ou que atuem no campo simbólico, o economista cogita a aceleração das concessões e o corte de ministérios. “O Temer vai precisar de medidas que marquem a diferença com o governo anterior”.

São Paulo – Enquanto a Câmara dos Deputados decide se dá prosseguimentou ou não ao processo de impeachment de Dilma Rousseff , manifestações contra e a favor do afastamento da presidente acontecem em todo o país. A votação começou às 14h e prossegue na Câmara. Se aprovado, o processo de impeachment segue para avaliação do Senado. Confira as imagens dos protestos.
  • 2. Manifestantes a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff em frente ao Congresso

    2 /19(Reuters/Paulo Whitaker)

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  • 3. Protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff no Rio de Janeiro

    3 /19(REUTERS/Pilar Olivares)

  • 4. Manifestação a favor do impeachment de Dilma Rousseff na av. Paulista, em São Paulo, em 17/abr/2016

    4 /19(Maurício Grego / EXAME.com)

  • 5. Protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff no Rio de Janeiro

    5 /19(REUTERS/Pilar Olivares)

  • 6. Pessoas fotografam cartaz que pede impeachment de Dilma Rousseff em Brasília

    6 /19(REUTERS/Adriano Machado)

  • 7. Bandeiras do Brasil à venda na Avenida Paulista, em São Paulo

    7 /19(Mariana Passos/Acervo Pessoal)

  • 8. Manifestante anti-Dilma à porta da Fiesp, na Avenida Paulista

    8 /19(Lucas Agrela/EXAME.com)

  • 9. Pessoas vestidas de patos desfilam na Avenida Paulista, a favor do impeachment

    9 /19(Mariana Passos/Acervo Pessoal)

  • 10. Ciclofaixa da Avenida Paulista com pichações que dizem: "Fora Comunismo" e "Fora Dilma"

    10 /19(Lucas Agrela/Exame)

  • 11. Manifestantes a favor do impeachment protestam na Avenida Paulista

    11 /19(Mariana Passos/Acervo Pessoal)

  • 12. Manifestação contra o impeachment em Salvador, na Bahia

    12 /19(Reprodução/Twitter)

  • 13. Ato contra o impeachment no Rio de Janeiro

    13 /19(Tânia Rego / Agência Brasil)

  • 14. Manifestantes com faixa contra o impeachment no Rio de Janeiro

    14 /19(Tânia Rego / Agência Brasil)

  • 15. Pessoas protestam contra o impeachment no Rio de Janeiro

    15 /19(Tânia Rego / Agência Brasil)

  • 16. Ato contra o impeachment no Rio de Janeiro

    16 /19(Tânia Rego / Agência Brasil)

  • 17. Manifestantes contra o impeachment no Rio de Janeiro

    17 /19(Tânia Rego/Agência Brasil)

  • 18. Ato contra o impeachment no Rio de Janeiro

    18 /19(Tânia Rego / Agência Brasil)

  • 19. Manifestantes contra o impeachment na Praça Matriz, em Porto Alegre

    19 /19(Elifas Simas/ Fotos Públicas)

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