Brasil

Novo chanceler participou da luta armada contra ditadura

Aloysio Nunes é próximo de tucanos de alta plumagem como os também senadores José Serra (SP), a quem sucede como chanceler, e Aécio Neves (MG)

Aloysio Nunes: advogado e professor, Aloysio Nunes Ferreira Filho nasceu em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo (Ueslei Marcelino/Reuters)

Aloysio Nunes: advogado e professor, Aloysio Nunes Ferreira Filho nasceu em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo (Ueslei Marcelino/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 2 de março de 2017 às 19h01.

São Paulo - O novo ministro das Relações Exteriores do presidente Michel Temer, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), tem em sua biografia a participação em ações armadas contra o regime militar e é próximo de tucanos de alta plumagem como os também senadores José Serra (SP), a quem sucede como chanceler, e Aécio Neves (MG).

Apesar da proximidade de lideranças tucanas --também foi ministro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso--, Aloysio não é um dos fundadores do partido, tal como Serra, quando uma dissidência do PMDB deu origem ao PSDB no final da década de 1980.

Em vez disso, o novo chanceler, de 71 anos, seguiu no PMDB em posições de destaque, tornando-se vice-governador de São Paulo no mandato de Luiz Antônio Fleury Filho, entre 1991 e 1994, e secretário de Transportes Metropolitanos também na gestão Fleury.

Nesta época, foi colega de secretariado de Temer, que assumiu o comando da Segurança Pública após o massacre do Carandiru, em 1992.

A proximidade com o PMDB paulista, base de Temer e que por anos teve como principal liderança o ex-governador Orestes Quércia, rendeu frutos a Aloysio mesmo depois de ele deixar o partido rumo ao PSDB, o que só aconteceu em 1997, quando cumpria mandato de deputado federal eleito pelo PMDB.

Em 2010, foi o principal beneficiário da desistência de Quércia, que buscava uma vaga no Senado e liderava as pesquisas, e com uma arrancada surpreendente elegeu-se para o Senado como o mais votado.

Antes, no entanto, atuou como ministro da Justiça e da Secretaria-Geral da Presidência de Fernando Henrique e como um dos principais auxiliares de Serra, primeiro na prefeitura de São Paulo, como secretário de governo, e depois quando o aliado era governador, atuando como chefe da Casa Civil.

De Aécio se aproximou definitivamente em 2014, quando foi escolhido para ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo senador mineiro, derrotada pela então presidente Dilma Rousseff (PT), que tinha Temer como vice.

À época da campanha eleitoral, em uma declaração dada em entrevista à Reuters, disse que não demonizava o PMDB e abriu a possibilidade de peemedebistas participarem de um eventual governo Aécio caso o tucano vencesse a disputa daquele ano.

"Eu não demonizo o PMDB", disse à época. "É perfeitamente possível um diálogo com o PMDB, a apresentação de um programa de governo e eles virem a nos apoiar. Se vai participar do governo ou não é outra coisa."

Por caminhos tortos, que passaram pelo impeachment de Dilma em 2016, a aliança acabou se concretizando com papéis invertidos: os tucanos participando de um governo encabeçado pelo PMDB, com Temer presidente. E antes de assumir o Itamaraty Aloysio era o líder do governo Temer no Senado.

Comunismo e diplomacia

Peemedebista e tucano na vida adulta, o senador paulista foi comunista na juventude, filiado ao Partido Comunista Brasileiro, e chegou a participar diretamente de ações armadas como integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo de guerrilha armada que atuou contra a ditadura militar e era comandado por Carlos Marighella, de quem era próximo.

Foi como membro da ALN, e sob ordens de Marighella, que deixou o Brasil em direção à França para divulgar textos do líder guerrilheiro no país europeu como uma espécie de "embaixador" do movimento de luta armada contra a ditadura no Brasil, no que pode ser apontada como sua primeira experiência diplomática.

Foi durante esse período, no entanto, que passou a fazer críticas à atuação da guerrilha no Brasil e, atualmente, afirma que o movimento era equivocado, que erros foram cometidos e que a luta armada não era democrática.

Décadas depois, já como senador pelo PSDB, assumiu a presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado, em 2015, ainda no governo Dilma, fazendo críticas frequentes à política externa petista, especialmente ao alinhamento com líderes de esquerda, especialmente Nicolás Maduro, da Venezuela.

Advogado e professor, Aloysio Nunes Ferreira Filho nasceu em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e também foi deputado estadual em São Paulo por dois mandatos, ambos pelo PMDB e deputado federal por três mandatos, um como peemedebista e dois como tucano.

Acompanhe tudo sobre:Governo TemerItamaratyMinistério das Relações ExterioresPSDB

Mais de Brasil

Prefeito de BH, Fuad Noman segue internado na UTI, em processo de retirada da ventilação mecânica

Notas finais do CNU serão divulgadas em 4 de fereveiro; veja mudanças no cronograma

Sabesp realiza testes com fumaça e corante para identificar ligações irregulares no litoral paulista

Meta diz que fim de checagem de fatos se aplica apenas para os EUA