Brasil

Os quatro argumentos de Maranhão para anular o impeachment

Decisão do presidente interino da Câmara surpreendeu o mundo político a dois dias da votação pelo Senado, que provavelmente afastaria Dilma por até 180 dias


	Votação do impeachment: para presidente interino da Câmara, partidos não podiam ter instruído votos de deputados.
 (Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

Votação do impeachment: para presidente interino da Câmara, partidos não podiam ter instruído votos de deputados. (Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2016 às 13h12.

Brasília - Em sua decisão que anulou a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), usou quatro argumentos para deferir o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).

Segundo Maranhão, "efetivamente ocorreram vícios que tornaram nula de pleno direito a sessão em questão". A decisão surpreendeu o mundo político a dois dias da votação pelo plenário do Senado, que provavelmente afastaria a petista por um período de até 180 dias.

Por meio de nota, o presidente em exercício alega primeiramente que os partidos não poderiam ter fechado questão ou firmado orientação de bancada para nortear o voto dos parlamentares. Segundo ele, o voto deveria seguir a convicção pessoal do deputado.

No segundo argumento, Maranhão condena a antecipação pública do voto dos deputados "na medida em que isso caracteriza prejulgamento e clara ofensa ao amplo direito de defesa que está consagrado na Constituição".

Outra ponderação de Maranhão atende o pedido da AGU sobre o direito à ampla defesa. O presidente interino acolhe o argumento de que a defesa deveria ter se manifestado por último no momento da votação, que ocorreu no dia 17 de abril.

Para anular a votação, Maranhão usa uma formalidade da Casa e diz que o resultado da votação "deveria ter sido formalizado por resolução (ao Senado), por ser o que dispõe o regimento interno da Câmara e o que estava originalmente previsto no processamento de impeachment do presidente Collor, tomado como paradigma pelo STF para o processamento do presente pedido de impeachment".

Na prática, Maranhão anulou a sessões realizadas nos dias 15, 16 e 17 da Câmara e determinou a realização de novas no prazo de cinco sessões contadas da data do processo a ser devolvido pelo Senado à Casa. Ele informou que foi encaminhado um ofício ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que todo processo seja devolvido.

A decisão do presidente interino da Câmara foi divulgada por meio de nota e ainda não está claro qual tipo de recurso seria cabível nessa circunstância, já que o processo de impeachment avançou no Senado e técnicos da Câmara consideravam que o recurso da AGU havia perdido a eficácia.

Na semana passada, logo que assumiu a presidência da Câmara após o afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maranhão se reuniu com um grupo de deputados e demonstrou disposição não só de permanecer no cargo como de rebater as críticas sobre sua inabilidade política. "Vocês vão se surpreender comigo", disse.

Veja a íntegra do pedido:

(Câmara dos Deputados/EXAME.com)

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosCrise políticaDilma RousseffImpeachmentPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Dino convoca para fevereiro audiência com nova cúpula do Congresso para discutir emendas

Em decisão sobre emendas, Dino cita malas de dinheiro apreendidas em aviões e jogadas por janelas

Flávio Dino decide suspender pagamentos de emendas e manda PF investigar liberação de verbas

Rodízio de veículos em SP está suspenso a partir desta segunda, 23