Ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso participou de um fórum em Montevidéu neste sábado (Renato Araujo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2015 às 17h32.
Montevidéu - O governo da presidente Dilma Rousseff "perdeu credibilidade" e a desvalorização do real frente ao dólar se deve a uma "crise de confiança" e à "especulação", afirmou neste sábado em Montevidéu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em recessão técnica e com o real atingindo neste semana a pior cotação em relação ao dólar desde seu nascimento em 1994, o Brasil vai passar "dois ou três anos de dificuldade econômica", segundo disse FHC durante sua participação em um fórum organizado pela revista uruguaia "Búsqueda".
No entanto, o ex-presidente acrescentou que não se deve deixar "enganar" pelo "baixo nível" do real atualmente, uma vez que, "se o rumo político for acertado", a situação da moeda se reverterá "com certa rapidez".
"Tem 7% de popularidade, quando ganhou com 54%" as eleições presidenciais de outubro de 2014, comentou FHC sobre a popularidade de Dilma, que enfrenta a ameaça de um processo de impeachment alardeado por alguns deputados opositores.
Neste sentido, FHC avaliou de forma positiva a consolidação da democracia no país e alegou que, perante esta mesma situação, em momentos passados se estaria falando em nomes de "generais", em relação à possibilidade de um golpe de Estado, ao invés de "juízes", como assegurou que acontece agora.
Sobre a possibilidade que o PT tente melhorar sua "credibilidade" através da figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, FHC assinalou que "ele não está em condições" para candidatar-se às próximas eleições.
"Eu não sei como o Lula vai retornar, ele nunca saiu. O prestígio de Lula diminuiu muito, em São Paulo (...) há uma aversão muito forte (...) pela ação do PT. Eu não acredito que tenha, como teve no passado, a capacidade de mobilização de massas", opinou.
O ex-presidente também falou sobre um dos principais temas da atualidade econômica da região, que é a possibilidade que o Mercosul - bloco integrado por Brasil, Argentina Uruguai, Paraguai e Venezuela, além da Bolívia em processo de adesão - possa assinar um tratado de livre-comércio com a União Europeia (UE).
"Eu não acredito que haja realmente neste momento capacidade para que o Mercosul faça algo positivo com a Europa, não é que eu não goste, é que não vejo como", avaliou.
Além disso, ressaltou que as condições atuais do Mercosul não funcionam e acrescentou que o bloco "se tornou algo muito embaraçoso para um país-membro".