No mercado financeiro, avaliação negativa de Lula dispara e chega a 90%
Levantamento também aponta pessimismo com a economia e dúvidas sobre medidas fiscais
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 07h33.
A avaliação negativa do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre agentes do mercado financeiro disparou e chegou a 90%, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 4. O salto foi de 26 pontos percentuais em relação ao levantamento de março de 2024, quando 64% viam a gestão de forma negativa. Já a avaliação positiva caiu de 6% para 3%, enquanto a percepção regular recuou de 30% para 7%.
O aumento da percepção negativa acompanha o temor de que a economia está indo na direção erradae que pode piorar nos próximos meses. Em março, 71% acreditavam que o governo não estava no caminho certo no plano econômico; agora, esse índice chegou a 96%. A expectativa de piora econômica nos próximos 12 meses também saltou de 32% para88%.
Sobre a condução da política econômica, a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também sofreu desgaste. A aprovação de seu trabalho caiu de 50% para 41%, enquanto 61% dos entrevistados acreditam que ele perdeu força desde o início do governo.
A credibilidade do arcabouço fiscal também é contestada: 42% avaliam que ele tem pouca confiabilidade e 58% dizem que ele não tem credibilidade alguma. Além disso, a sustentabilidade da regra de gastos foi vista com ceticismo: para 37%, ela só deve se manter até 2025; para 34%, até 2026, último ano do governo Lula.
O mercado reagiu mal ao anúncio conjunto do pacote de cortes de gastos — considerado insuficiente — e a proposta de isentar o Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Isso elevou as expectativas de inflação, taxas de juros e fez o dólar ultrapassar a marca de R$ 6, alcançando um patamar histórico.
Selic deve subir 0,75 ponto em dezembro
A expectativa majoritária para a reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) em dezembro é de um aumento de 0,75 ponto percentual na Selic. Para 66% dos entrevistados, esse será o ajuste necessário, enquanto 34% projetam uma taxa básica de juros acima de 14% ao final do ciclo de alta.
A nomeação de Gabriel Galípolo como provável sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central foi aprovada por 62% dos agentes, mas 44% acreditam que suas decisões terão influência política, mesmo que 56% ainda esperem escolhas técnicas.
Expectativas para 2026
Os agentes do mercado também avaliaram o cenário político para 2026. Apenas 34% acreditam que Lula será o favoritonas eleições presidenciais, uma queda significativa em relação aos 53% registrados em março.
O levantamento simulou oito cenários de segundo turno e apontou que o presidente seria derrotado em todos. A mesma projeção se aplica ao ministro Fernando Haddad. Na direita, 78% dos entrevistados consideram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como o candidato mais provável caso Jair Bolsonaro permaneça inelegível.
A pesquisa foi realizada entre 29 de novembro e 3 de dezembro, com 105 entrevistas envolvendo gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.