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Negros são vítimas de 3 em cada 4 homicídios, aponta Atlas da Violência

Taxa de mortes de negros (pretos e pardos, segundo definição do IBGE) é de 37,8 por 100 mil habitantes, enquanto a de não negros é de 13,9

Armas: taxa de homicídios por 100 mil habitantes chegou em 2018 a 27,8 mortes, menor índice em quatro anos (Mongkol Nitirojsakul / EyeEm/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 16h25.

Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 16h38.

Três em cada quatro homicídios no Brasil no ano de 2018 foram contra pessoas negras, segundo dados do Atlas da Violência 2020 divulgado nesta quinta-feira, apontando que a chance de uma pessoa negra ser vítima de assassinato é 2,7 vezes maior do que a de uma pessoa não negra.

Em números absolutos, foram 43.890 assassinatos de negros dos 57.956 homicídios naquele ano — 75,7% do total —, segundo o estudo elaborado por pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

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Ao todo, a taxa de homicídios por 100.000 habitantes chegou em 2018 a 27,8 mortes, menor índice em quatro anos. Segundo o estudo, essa queda remete ao patamar dos anos entre 2008 e 2013, em que ocorreram entre 50.000 e 58.000 homicídios anuais.

A taxa de mortes de negros (pretos e pardos, segundo definição do IBGE) é de 37,8 por 100.000 habitantes, enquanto a de não negros é de 13,9.

Por se tratar de 2018, o levantamento não dispõe de índices referentes ao governo do presidente Jair Bolsonaro, forte defensor do armamento da população e cujo governo tem tomado diversas medidas no sentido de facilitar o porte e a posse de armas.

Contudo, o estudo citou que, conforme analisado em publicações anteriores, a flexibilização da política de acesso a armas e munição tem uma "forte influência" no aumento dos índices de crimes violentos letais intencionais.

"Mesmo com todas as evidências científicas a favor do controle responsável das armas de fogo e pelo aperfeiçoamento do Estatuto do Desarmamento, a legislação instituída desde 2019 vai exatamente no sentido contrário", disse.

"Até o momento de consolidação do presente relatório [ julho de 2020 ], haviam sido exarados 11 decretos, uma lei e 15 portarias do Exército que descaracterizaram o Estatuto, geraram incentivos à disseminação às armas de fogo e munição, e impuseram obstáculos à capacidade de rastreamento de munição utilizada em crimes", completou.

O documento destacou que, "como uma arma com boa manutenção pode durar décadas, as consequências desta política armamentista se perpetuarão no longo prazo, com efeitos contra a paz social e a vida, já demonstrados por inúmeras pesquisas".

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