"Não quero ser lembrado como inocente condenado", diz Lula
Fala do presidente ocorre a pouco mais de um mês para o julgamento do caso do tríplex do Guarujá pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 15h17.
Última atualização em 20 de dezembro de 2017 às 17h31.
São Paulo - Em café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira, 20, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não teme ser preso, faltando pouco mais de um mês para o julgamento do caso do tríplex do Guarujá pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF-4).
"Eu não penso. Não penso porque acho que preso só pode ir quem cometeu um crime", disse Lula ao ser questionado sobre a possibilidade de prisão.
Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. O TRF-4 vai julgar o recurso e caso a sentença de Moro seja mantida o ex-presidente terá sido condenado em segunda instância.
Durante quase duas horas e meia, Lula reiterou várias vezes que é inocente e, portanto, a única hipótese para a Justiça é absolvê-lo. O ex-presidente disse que não quer ser um mártir.
"Não quero passar para a história como um inocente condenado", afirmou.
O petista voltou a desafiar Moro e o Ministério Público a apresentarem provas de que ele é o dono do apartamento construído e reformado pela empreiteira OAS, alvo da Lava Jato. "A única chance que tenho é pedir provas. Não é possível que alguém seja dono de uma coisa que não é dono", afirmou.
Lula, no entanto, admitiu que o país vive uma "anomalia jurídica". Segundo ele, Moro e o MPF criaram uma narrativa falsa da qual não conseguem se libertar. "Eles ficaram sem rota de fuga", disse Lula.
Embora insista na tese de absolvição por inocência, o petista disse que continua na disputa presidencial seja qual for o resultado do julgamento no TRF-4 e, se for condenado, pretende usar todos os recursos jurídicos aos quais tem direito.