Não podemos paralisar o governo, diz Temer após lista de Fachin
Presidente afirmou que é preciso se tomar cuidado no Brasil para que não se ache que as instituições não funcionam
Reuters
Publicado em 12 de abril de 2017 às 11h21.
Última atualização em 12 de abril de 2017 às 12h03.
Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira que o governo não pode jamais ser paralisado, um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizar abertura de 76 inquéritos contra ministros, parlamentares e outras autoridades.
Sem fazer referência à decisão do STF, o presidente afirmou ainda, em discurso durante evento para sanção de leis voltadas para as mulheres no Palácio do Planalto, que é preciso tomar cuidado no Brasil para que não se ache que as instituições não funcionam.
"Nós não podemos jamais paralisar o governo. Nós temos que dar sequência ao governo, nós temos que dar sequência à atividade legislativa, nós temos que dar sequência a atividade judiciária", afirmou Temer.
"Eu quero muito ressaltar que o governo, o Executivo, só funciona porque tem o apoio do Congresso. Evidentemente, nas eventuais divergências ou interpretações equivocadas, quem vai dar a palavra final é o Judiciário. É isso que nós temos que privilegiar cada vez mais", acrescentou.
Os pedidos de abertura de inquéritos feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas delações da empreiteira Odebrecht aceitos por Fachin incluem oito ministros do governo Temer, entre eles os influentes Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), muito próximos a Temer.
O Palácio do Planalto foi pego de surpresa com a divulgação da lista de Fachin, e Temer determinou a seus auxiliares que evitem levar a crise para o Planalto e que cada um faça a sua própria defesa, de acordo com uma fonte palaciana.
O presidente já havia pessoalmente informado à imprensa, há cerca de um mês, que só afastaria ministros envolvidos em casos de corrupção quando fossem formalmente denunciados, o que significa que a abertura de inquérito não levará, no primeiro momento, a demissões.
Existe a preocupação, no entanto, com eventuais turbulências para a aprovação no Congresso de medidas consideradas essenciais pelo governo, em especial a reforma da Previdência, devido ao grande número de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato.