Brasil

“MP da Grilagem” deve caducar por falta de votação

Ruralistas e ambientalistas divergem sobre a medida provisória 910, que trata da regularização fundiária

Congresso: Câmara não deve votar MP que elevou a área permitida para regularização fundiária de 4 para 15 módulos fiscais (Paulo Whitaker/Reuters)

Congresso: Câmara não deve votar MP que elevou a área permitida para regularização fundiária de 4 para 15 módulos fiscais (Paulo Whitaker/Reuters)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 19 de maio de 2020 às 06h56.

Termina nesta terça-feira (19) o prazo para a Câmara dos Deputados votar a Medida Provisória 910, que trata da regularização fundiária, mas tudo indica que o dispositivo irá perder a validade por falta de votação. Polêmica, a medida foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em dezembro do ano passado e sofreu oposição ferrenha dos ambientalistas, que a apelidaram de “MP da Grilagem”, por estimular o desmatamento ilegal da Amazônia.

Os argumentos da oposição são sustentados por uma nota técnica do Ministério Público Federal, indicando a inconstitucionalidade da medida, por favorecer os invasores de terra.

O texto da MP elevou a área permitida para regularização fundiária de 4 para 15 módulos fiscais (medida definida por cada município para determinar o tamanho mínimo de terras produtivas). Na prática, isso tende a favorecer os grandes proprietários rurais. Além disso, estabeleceu que podem ser regularizadas áreas invadidas até 2018, sendo que o prazo anterior era 2011.

Na semana passada, oito ex-ministros do Meio Ambiente enviaram uma carta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, repudiando a MP. “Sob o manto de facilitar a necessária regularização fundiária para pequenos proprietários, a MP 910 abre as portas para uma ampla anistia à grilagem de terras públicas”, afirma o documento, assinado por Sarney Filho, Rubens Ricupero, Izabella Teixeira, Marina Silva e outros ex-ministros do Meio Ambiente. Maia se comprometeu a não colocar a medida em votação, apesar das pressões de Bolsonaro para que a MP seja apreciada dentro do prazo legal.

Os ruralistas buscam substituir a MP por um projeto de lei semelhante. A proposta, derivada de relatório elaborado pelo deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), é de autoria de Marcelo Ramos (PL-AM). Há expectativa de que o projeto de lei seja votado já na quarta-feira, dia 20, porém, a matéria ainda não está na agenda da Câmara.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaCâmara dos DeputadosJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado

Quem foi Luiz Galeazzi, empresário morto em queda de avião em Gramado

Em SP, 65.000 seguem sem luz e previsão é de chuva para a tarde deste domingo