EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h32.
Há exato meio século acabou a carreira política e a vida de Getúlio Vargas. Em 24 de agosto de 1954, o ditador que voltou ao poder pelo voto popular cinco anos após a deposição reagiu com o suicídio às pressões políticas por sua renúncia. Somando o período do Estado Novo e o mandato como presidente eleito, Vargas manteve-se no poder por 20 anos.
O regime inaugurado pelo gaúcho de São Borja em 1930 priorizou a industrialização, incorporou pela primeira vez a questão social na agenda do Poder Público e notabilizou-se tanto pela repressão política entre 1937 e 1945 quanto pelo retorno democrático à Presidência, em 1951 (leia reportagem de capa da revista EXAME sobre o legado da Era Vargas).
A abrangência e ambigüidade da herança getulista dá margem a muitas interpretações - um testemunho adicional da influência que Vargas mantém sobre os rumos do país. Pode-se dizer, por exemplo, que a ausência de uma ideologia própria ou de um partido de massas é um traço original de seu projeto de poder. Há analistas, porém, que discordam."A estrutura trabalhista, por exemplo, era uma forma de evitar dor de cabeça para governantes e empresários", afirma Cláudio Couto, professor de Ciência Política da Pontifícia Universidade Católica (PUC). Segundo essa corrente de análise da Era Vargas, tanto os direitos trabalhistas quanto a estrutura sindical montada pelo Estado Novo são elementos do corporativismo fascista.
O paternalismo trabalhista não teria se limitado, porém, ao desenho dos sindicatos e à mediação entre empregadores e empregados. "O sistema partidário também reflete isso. PTB e PSD eram a mão esquerda e direita de Vargas", afirma Couto. "O PTB foi concebido justamente para obstaculizar o avanço da esquerda comunista."