Moro e o pior do Brasil na pauta de Davos: corrupção e violência
O ministro da Justiça participa de encontros que devem trazer à tona dois temas que ocupam as manchetes neste início de governo Bolsonaro
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 06h10.
Última atualização em 23 de janeiro de 2019 às 06h26.
Se o discurso do presidente Jair Bolsonaro foi o destaque da participação brasileira no primeiro dia do fórum econômico de Davos, as atenções agora se voltam para o super-ministro da Economia, Paulo Guedes, mas sobretudo para seu incensado ministro da Justiça, Sergio Moro .
Na quinta, 24, o ministro participará de um painel sobre crimes globais que tratará de medidas legais e sanções. É uma rara oportunidade de o Brasil tentar passar lições num campo em que historicamente é lanterninha nos rankings globais. Moro foi alçado ao cargo de ministro da Justiça graças à sua experiência no combate à corrupção e lavagem de dinheiro na operação Lava-Jato.
E, em 20 dias de governo, já se vê na delicada situação de ser cobrado a dar respostas em um escândalo envolvendo um dos filhos do presidente, Flávio. As explicações dadas até aqui para movimentações bancárias de 7 milhões de reais são consideradas pouco convincentes pelo colunista de EXAME Sérgio Praça, especialistas em corrupção da FGV. Para piorar, ontem veio à tona que Flávio empregou parentes de milicianos em seu gabinete.
A crise não afeta, ainda, o presidente ou seu governo, mas pode minar a popularidade de Bolsonaro e sua força na negociação com o Congresso de temas como a reforma da Previdência.
Outro tema caro a Moro, a segurança pública, também deu no início de 2019 reiteradas mostras de ser uma doença crônica sem solução à vista. Moro prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional no Rio Grande do Norte (onde está desde dezembro de 2018), em Sergipe (desde fevereiro de 2017) e no Rio Grande do Sul (desde agosto de 2016), de acordo com o Diário Oficial de terça-feira, 22.
Mas o caso mais grave é o Ceará, que também tem enfrentado uma recente onda de ataques com ajuda da tropa nacional — somente ontem foram sete atentados.
Em seu discurso, ontem, Bolsonaro destacou a importância de combater o crime no país. “Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias […]”, disse. Os 200 milhões de brasileiros que sofrem diariamente com esta chaga, estes sim, seriam os maiores beneficiados com a execução de um plano concreto numa área que foi um dos chamarizes da campanha eleitoral do presidente.