Moro elogia voto de Rosa Weber e faz crítica a si mesmo
A ministra do STF é conhecida por não dar declarações à imprensa. Na avaliação de Moro, "todos os demais estão errados, inclusive eu, que estou aqui"
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de abril de 2018 às 12h36.
Última atualização em 10 de abril de 2018 às 13h57.
Porto Alegre - O juiz Sérgio Moro afirmou que foi "muito eloquente" o voto da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber , durante julgamento do habeas corpus pedido pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante painel no Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, Moro afirmou que o voto da ministra seguiu o raciocínio de que se consolidou a jurisprudência sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. A jurisprudência, disse, "não se muda ao sabor do acaso".
"A ministra apelou para valores extremamente importantes para a ética da magistratura", disse Moro. O juiz ainda elogiou o comportamento de Rosa Weber, conhecida por não dar declarações à imprensa. Na avaliação dele, a ministra está correta. "Todos os demais estão errados, inclusive eu, que estou aqui", afirmou.
Moro afirmou que o princípio de presunção da inocência não pode ser interpretado como garantia de impunidade aos criminosos. Para ele, corrupção e impunidade "caminham juntos". Além da ministra Rosa Weber, o juiz mencionou o voto do ministro Barroso e considerou igualmente "eloquente" a posição do magistrado.
O juiz ainda afirmou que casos judiciais concretos são importantes para enviar uma mensagem de atenção às pessoas, de que "você pode ser o próximo". Para ele, o momento é de "erguer os sarrafos" para as próximas gerações.
Moro falou ainda sobre a participação do setor privado na corrupção, afirmando que as empresas têm um papel no enfrentamento dos casos de corrupção e que nos casos já julgados até aqui mostrou-se que havia simbiose entre setor público e privado.