Brasil

Moradores se queixam de falta de alarme em acidente de MG

A falta de um alarme sonoro que pudesse antecipar o aviso à população foi uma queixa constante entre as famílias desabrigadas


	Morador de Bento Rodrigues em Minas Gerais em meio a lama que atingiu a cidade após rompimento de barragem
 (Ricardo Moraes/ Reuters)

Morador de Bento Rodrigues em Minas Gerais em meio a lama que atingiu a cidade após rompimento de barragem (Ricardo Moraes/ Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2015 às 20h33.

Mariana - O diretor-presidente da Samarco, mineradora responsável pelas barragens que se romperam em Mariana (MG), disse que a empresa cumpriu com todas as regras do programa de emergência aprovado pela prefeitura da cidade ao constatar a ruptura das barreiras: avisou a prefeitura, a defesa civil e, segundo ele, telefonou para alguns dos moradores para avisar da iminência da tragédia.

A falta de um alarme sonoro que pudesse antecipar o aviso à população foi uma queixa constante entre as famílias que ficaram desabrigadas.

"Não temos esse aviso. A lei de segurança das barragens é a 12.334 de 2010 e nós a cumprimos integralmente", disse o coordenador de projetos da empresa, engenheiro Germano Silva Lopes.

Segundo a Samarco, duas barragens se romperam nesta quinta-feira, 5. A primeira, barragem do Fundão, tinha 7 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mina. Ela vinha passando por obras de ampliação. A segunda, de Santarém, tinha 55 milhões de litros de água.

"Por volta das 14 horas, se ouviu um tremor na barragem do Fundão. Foi feita uma vistoria e não foi constatado anormalidade", disse Lopes.

Por volta das 15 horas, porém, houve a ruptura na primeira barragem, que provocou a queda da segunda e o despejo de 62 milhões de toneladas de lama na população de Bento Rodrigues, vilarejo distante 40 minutos do centro de Mariana.

Foi quando o plano de telefonemas entrou em ação.

Questionados, os porta-vozes da empresa não souberam dizer quantos telefonemas chegaram a ser dados aos moradores nem o conteúdo da mensagem.

O presidente da empresa disse que aquelas eram duas das barragens "mais monitoradas" do Brasil. Além de concreto, os maciços das construções eram feitos com os próprios rejeitos de mina, que haviam passado por processo de capacitação.

Obras

A barragem do Fundão passava por uma obra de alteamento, segundo a empresa.

Operários vinham utilizando um dreno no local para preparar a ampliação das barreiras de concreto, o que aumentaria a capacidade de armazenamento dos resíduos. Ambos os reservatórios estavam com capacidade máxima de operação.

O prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS) disse que a Samarco vem prestando "toda a assistência" à população e não comentou a falta da sirene.

"Eles emprestaram boa parte do maquinário usado nos resgates", afirmou. O prefeito, entretanto, quer recursos do governo do Estado para ajudar na reconstrução da cidade.

Duarte Júnior participou da entrevista coletiva da Samarco agradecendo a presença de deputados estaduais aliados políticos e brincou dizendo que "sempre sonhou em ser da defesa civil", passando a mão no colete da organização que ele estava vestindo.

Noite

Como parte do plano de contingência, a Samarco passou, na tarde desta sexta-feira, 6, acomodando as vítimas desabrigadas em hotéis da cidade.

Em um dos hotéis, o balconista orientava os antigos hóspedes, que já estavam instalados antes da chegada das vítimas: "Seu café da manhã amanhã vai ser em outro lugar, no segundo andar. No primeiro, vão servir os desabrigados. A Samarco falou para dar um café mais simples".

Acompanhe tudo sobre:acidentes-de-trabalhoDesastres naturaisEmpresasMinas GeraisMineradorasMortesSamarco

Mais de Brasil

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'