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Mirando a Presidência, Maia monta equipe e agenda viagens

No dia 13, o deputado embarca para os EUA para estrear como presidenciável no ambiente internacional, enquanto encorpa sua agenda de viagens internas

Rodrigo Maia: além do DEM, o deputado tem conversas avançadas com PP e Solidariedade e namora PSD, PR e PRB (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: além do DEM, o deputado tem conversas avançadas com PP e Solidariedade e namora PSD, PR e PRB (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 08h53.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desceu do muro, assumiu sua pré-candidatura à Presidência da República em outubro e já monta até equipe.

No próximo sábado, dia 13, Maia embarca para os Estados Unidos para estrear como presidenciável no ambiente internacional, enquanto encorpa sua agenda de viagens internas com o objetivo de consolidar uma aliança de pelo menos quatro partidos para a largada.

Além do DEM, tem conversas avançadas com PP e Solidariedade e namora PSD, PR e PRB, sonhando em atrair apoios em dois dos maiores partidos, PSDB e MDB.

Em sua viagem para Washington e Nova York, Maia terá encontros com o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), o português Antonio Guterres, dará entrevista para o jornal "The Washington Post" e pretende incluir um jantar com jornalistas e diplomatas.

Depois, seguirá para Cancún, para um fórum econômico. Na volta a Brasília, ele poderá assumir a Presidência, caso Michel Temer mantenha a ida ao Fórum de Davos, na Suíça.

A primeira reação de Maia quando seu nome começou a ser considerado como "candidato de centro" foi refutar a ideia.

Primeiro, avançou e depois recuou nas articulações para assumir a vaga de Temer caso as denúncias do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vingassem.

Dizia e repetia que era cedo para almejar algo tão pretensioso e argumentava: "Sei do meu tamanho". Porém, a pressão aumentou e ele agora assume que é pré-candidato.

Na manhã desta terça-feira, 9, Maia recebeu um telefonema do ex-presidente do PSDB senador Aécio Neves (MG) para elogiar uma frase sua ao jornal O Globo: "Eu não tenho problema de correr risco, mas não estou disposto a participar de uma aventura".

O jogo de palavras, entre "risco e aventura", remete a um discurso histórico do avô de Aécio, Tancredo Neves, que foi eleito presidente por votação indireta, em 1985, mas ficou doente e nunca assumiu. Na ligação, Aécio comemorou: "Você está começando bem!".

Atrair parcelas do PSDB para sua eventual campanha presidencial faz parte da estratégia de Maia, que não admite nem para os aliados mais próximos, mas tem até um nome tucano para integrar como vice sua chapa: o de Antonio Anastasia, que é aliado de primeira hora de Aécio, foi governador de Minas, é considerado um bom técnico e um senador muito respeitado.

Além de potencialmente puxar uma ponta tucana, é de um Estado que faz uma conexão entre o centro-sul e o Nordeste.

Anastasia tem feito declarações a favor do governador Geraldo Alckmin, mas continua na mira de Maia, com ajuda de Aécio. Uma alternativa é a senadora Ana Amélia (PP-RS).

Na agenda de viagens do presidente da Câmara, ele vai hoje ao Espírito Santo, onde participa de reunião com governador Paulo Hartung (MDB) e o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE).

Nesta quinta-feira, 11, Maia emenda uma viagem a Santa Catarina para almoçar com o governador Raimundo Colombo (PSD) e o ex-senador Jorge Bornhausen, que foi um dos fundados do antigo PFL, articulou a mudança para DEM e, depois, liderou a debandada de democratas para o PSD. Esse almoço é uma largada para a reunião dos dois partidos em outubro.

Equipe

Além das viagens, Maia já começou a montar uma estrutura de pré-campanha e tem um marqueteiro e economistas de sua confiança para dar um tom profissional a seu discurso.

Uma coisa que tem dito, com base em pesquisas, é que não adianta assumir posições excessivamente avançadas em temas polêmicos, como drogas, "porque a sociedade não aceita".

É assim que pretende se apresentar em contraposição ao conservadorismo de Jair Bolsonaro mas sem tentar ir para o lado oposto, do que chamam de "vanguardismo".

A estruturação profissional da campanha foi discutida por Maia em almoço nesta terça com Mendonça Filho e o prefeito de Salvador, ACM Neto, que vai assumir a presidência do DEM em fevereiro.

Os dois são os principais formuladores da pré-campanha até agora, mas Maia recebe reforços de recém-chegados ao DEM, como os deputados Heráclito Fortes (PI), Danilo Forte (CE) e Tereza Cristina (MS), que vai assumir a forte Frente Parlamentar da Agropecuária.

A iniciativa privada, aliás, tem prioridade na estratégia de Maia, que tem tido reuniões com empresários do eixo Rio-Minas-São Paulo e tem sido requisitado por representantes do setor financeiro para expor suas ideias.

Uma das ações de Maia neste recesso parlamentar tem sido desfazer versões de que estaria trabalhando, por baixo dos panos, contra a reforma da Previdência, com votação prevista para 19 de fevereiro.

"Todo mundo sabe que eu sou o primeiro a defender a reforma", insiste ele, lembrando que tem enfrentado a onda pública contrária às mudanças.

A reforma é um dos marcos para o eventual lançamento oficial da candidatura, que só poderá ocorrer a partir de março, até mesmo para garantir o apoio de no mínimo quatro partidos. Isso seria a alavanca inicial, para ganhar consistência e depois conquistar apoios dos demais partidos de centro, que têm hoje preferência por Alckmin.

Meirelles

E a candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles? Para Maia e a cúpula do DEM, Meirelles é "candidato dele próprio", pois nem terá apoio do governo, nem do próprio partido, o PSD.

Se o governo for mal, nenhum ministro terá chances. Se for bem, Maia aposta que Temer se lançará.

As relações entre o deputado democrata e o ministro da Fazenda sofreram, inclusive, um abalo nesta semana, por causa do empurra-empurra da "flexibilização" da chamada "regra de ouro", que impede o governo de emitir dívida para cobrir despesas correntes.

Meirelles atribuiu a Maia Maia atribuiu a Meirelles, principalmente depois que o governo foi obrigado a recuar, diante da avalanche de críticas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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