Brasil

Ministro Gilmar Mendes anula condenações de José Dirceu na Lava-Jato

O magistrado considerou o ex-juiz Sérgio Moro suspeito ao praticar atos contra o réu, mesmo entendimento aplicado à condenação de Lula

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu: petista foi sentenciado por supostas propinas de R$ 15 milhões (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu: petista foi sentenciado por supostas propinas de R$ 15 milhões (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 29 de outubro de 2024 às 09h35.

Última atualização em 29 de outubro de 2024 às 11h09.

Tudo sobreOperação Lava Jato
Saiba mais

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, anulou as condenações do ex-ministro José Dirceu na Lava-Jato. O magistrado considerou o ex-juiz Sérgio Moro suspeito ao praticar atos contra Dirceu, mesmo entendimento aplicado anteriormente em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão anula também condenações em outros tribunais que tenham origem nas determinações de Moro.

A decisão é da última segunda-feira e está sob sigilo. Ela ocorreu após um pedido da defesa de Dirceu para que fosse estendido a ele os efeitos da decisão da Segunda Turma do Supremo que definiu que Moro agiu com parcialidade ao processar e julgar a ação penal do caso do tríplex do Guarujá. No pedido, a defesa afirmou que a condenação de Dirceu fez parte de estratégia concebida pelos procuradores em comum acordo com Moro para fragilizar não só ele como o PT.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pelo não conhecimento do pedido de extensão. No entanto, Gilmar Mendes frisou que Moro agiu com parcialidade e afirmou que "os membros da força-tarefa da Lava Jato se especializaram na utilização de estratégias midiáticas, baseadas na espetacularização do processo penal, para influenciar a opinião pública contra os investigados e seus defensores".

"Como entendeu o colegiado, as provas demonstraram que a atuação parcial do ex-juiz Sérgio Moro fez com que os passos do paciente e de seus advogados fossem monitorados pela Polícia Federal, em uma tentativa de burlar a inviolabilidade do escritório de advocacia e dos instrumentos de trabalho do advogado, especialmente a comunicação telefônica, telemática e eletrônica associada ao exercício da profissão", pontuou o ministro.

Foi Gilmar Mendes que ampliou a suspeição de Moro para todos os processos em que ex-juiz atuou sobre Lula, ainda em 2021. Na decisão da última segunda-feira, o ministro pontuou que estavam preenchidos os requisitos do efeito extensivo da decisão que favoreceu Lula.

"Afinal, as denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato nos casos do Tríplex do Guarujá, Sítio de Atibaia e Imóvel para o Instituto Lula trataram de atribuir ao ora requerente um papel central e decisivo na narrativa urdida para acusar o atual Presidente da República de crimes de corrupção passiva e lavagem de capitais", frisou.

O ministro do STF pontuou em sua decisão que a estrutura das denúncias oferecidas pela força-tarefa contra Lula e Dirceu "mostram que os mesmos elementos que levaram o Tribunal a reconhecer a suspeição do ex-Juiz Sérgio Moro nos processos ajuizados contra Luiz Inácio Lula da Silva também se aplicam a José Dirceu".

"Afinal, diante do conjunto de indícios de suspeição narrados nesta decisão, é certo que a mesma falta de isenção que havia em relação ao primeiro réu também impediu que José Dirceu tivesse direito a um julgamento justo e imparcial", ressaltou.

Mendes, então, definiu que o pedido de extensão justifica-se "com base em elementos concretos que demonstram que a confraria formada pelo ex-Juiz Sérgio Moro e os Procuradores da Curitiba encarava a condenação de Dirceu como objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Luiz Inácio Lula da Silva".

Acompanhe tudo sobre:Operação Lava JatoSergio MoroGilmar Mendes

Mais de Brasil

CCJ da Câmara aprova projeto que dá autonomia para estados aumentarem penas de crimes

Quanto custa uma multa por jogar bituca de cigarro da janela do carro?

MDB declara apoio à candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado

Sites como Shein e AliExpress preveem impostos de 60% com nova taxação; entenda