Exame Logo

Ministro da Pesca abre Semana do Peixe em município do Rio

Ministro comparou números do setor no Brasil com o desempenho de outros países

O ministro Eduardo Lopes abre a 11ª edição da Semana do Peixe no Rio de Janeiro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2014 às 15h20.

Rio de Janeiro - O Brasil tem 8,5 mil quilômetros de costa, 12% da água doce do mundo e a produção de pescado atingiu 2,4 milhões de toneladas. Apesar desse total, o país está atrás do Vietnã e de Bangladesh. Os números e a comparação foram analisados hoje (8) pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes. “Não só perdemos na produção para o Vietnã, como ainda importamos peixe daquele país. O panga está nos mercados e o que é o panga? É um bagre que chega aqui filetado, beneficiado, com preço bom e que o brasileiro está consumindo. Inclusive, recebi denúncias de que nos restaurantes de em Angra dos Reis o panga está sendo vendido como se fosse linguado", revelou o ministro, ao anunciar a 11ª edição da Semana do Peixe, no centro de São Gonçalo, município da região metropolitana do Rio de Janeiro .

Eduardo Lopes disse que, ao mesmo tempo em que a situação o incomoda, o motiva, porque o Brasil tem condições de ser um dos maiores produtores de peixe do mundo. “É o que digo para os produtores. Não precisa deixar de ser pescador, mas tem de pensar no futuro e pode se tornar também um produtor, por intermédio da piscicultura, gerando renda, qualidade de vida e segurança alimentar para o Brasil”, destacou. “São Gonçalo tem grande potencial para a apicultura e podemos desenvolver aqui grandes projetos para a piscicultura”, salientou.

Veja também

Segundo ele, apenas nas áreas de reservatórios de água do país poderiam ser produzidos 20 milhões de toneladas de peixe, dez vezes o que se produz hoje em todo o setor. "Então, temos de incentivar", acrescentou . Conforme o ministro, a Semana do Peixe objetiva o aumento do consumo, que, em dez anos, já cresceu 100%. Ressaltou que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos cinco anos o consumo médio de pescado cresceu de 9 para 14,5 quilos por habitante, volume pouco acima da recomendação mínima da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 12 quilos. “Para nós, o ideal são 18 quilos. Temos de trabalhar para que o brasileiro consiga consumir, de fato, 18 quilos de peixes por ano”, comentou.

Para estimular o consumo, representantes do ministério firmaram parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Indústrial (Senai). A proposta é formar cozinheiras e merendeiras da rede pública para incentivar a manipulação e preparo do pescado. “O peixe tem de estar na merenda escolar no mínimo duas vezes por semana. O ideal são três vezes por semana para que as crianças sejam bem nutridas. Elas, que estão aprendendo a gostar de peixe, serão a nova geração consumidora de mais pescados no Brasil”, destacou.

O presidente da Associação de Pescadores da Praia das Pedrinhas, Mário Cézar Goudard, aproveitou a presença do ministro para fazer um pedido. “Precisamos que o ministro preserve os 12% que restam da Baía de Guanabara para o pescador. Só temos 12% na carta náutica para uso do pescador livre. O resto está privatizado e proibido. O pescador está perdendo espaço”, alertou.

Rodrigo Gomes é pescador artesanal há 15 anos. Ele disse que, quando a produtividade cai, precisa trabalhar em obras com o pai para conseguir o sustento. Ele vende o produto direto para os consumidores na Praia do Gradim. Nos períodos de defeso, como acabou de ocorrer com a sardinha, ele recebe o equivalente a um salário-mínimo de seguro-desemprego. “A gente recebe essa ajuda de custo para não se apertar em casa”, lamentou o pescador, que divide uma embarcação com mais dois colegas.

Atualmente, São Gonçalo tem 8,4 mil profissionais artesanais cadastrados no Registro Geral do Pescador (RGP). Em 2011, foram produzidas 8717 toneladas de peixe no município, que se caracteriza pela pesca artesanal de caráter familiar. “Os números tornam o município responsável por 11% da produção pesqueira em todo o estado do Rio de Janeiro”, esclareceu o secretário municipal da Pesca, Francisco Vicenildo de Medeiros.

A agenda do ministro também prevê para o fim da tarde de hoje uma visita ao Mercado de Peixe São Sebastião, na Penha Circular, zona norte do Rio de Janeiro.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileiraseconomia-brasileiraMetrópoles globaisPescaRio de Janeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame