Damares Alves, senadora da República eleita (Wilson Dias/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 18 de outubro de 2022 às 17h35.
Última atualização em 18 de outubro de 2022 às 18h57.
O Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos pediu mais 30 dias para apresentar explicações ao Ministério Público Federal (MPF) sobre as declarações da ex-ministra e senadora eleita, Damares Alves, que acusou sem provas um esquema de tráfico de crianças na Ilha de Marajó, no Pará. O prazo inicial era de três dias.
Em nota, a atual ministra da pasta, Cristiane Britto, informou que o governo federal registrou 5.440 denúncias de estupro e tráfico de crianças no Pará entre 2016 e 2022 e precisaria de mais tempo para analisar as informações e enviar ao MPF.
Na semana passada, a senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves, disse em um culto que crianças na Ilha de Marajó eram traficadas e tinham seus dentes “arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral” e se alimentavam de comida pastosa “para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.
Essa afirmação fez com que o Ministério Público Federal do Pará pedisse informações ao ministério sobre a fala de Damares. A senadora eleita chegou a dizer que os relatos de abusos vieram de “conversas que eu tenho com o povo na rua”.
O MPF informou que atuou em quatro inquéritos para investigar denúncias sobre tráfico internacional de crianças na Ilha de Marajó desde 1992 e nenhum deles tem semelhança com as falas da ex-ministra.
O Globo mostrou que a história contada por Damares circula em fóruns obscuros na internet como ficção, com algumas diferenças, desde, no mínimo, 2010.
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