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Menor cidade do Brasil registra os primeiros casos de covid-19

Coronavírus chegou ao menor município do país em população: Serra da Saudade, que tem 781 habitantes e fica em Minas Gerais

Serra da Saudade: Serra da Saudade não tem hospital e os dois municípios próximos, Dores do Indaiá, a 25 quilômetros, e Estrela do Indaiá, a 18 quilômetros, não têm UTI (Prefeitura Municipal de Serra da Saudade/Divulgação)

Serra da Saudade: Serra da Saudade não tem hospital e os dois municípios próximos, Dores do Indaiá, a 25 quilômetros, e Estrela do Indaiá, a 18 quilômetros, não têm UTI (Prefeitura Municipal de Serra da Saudade/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de julho de 2020 às 12h13.

Última atualização em 23 de julho de 2020 às 12h16.

Lá não tem transporte público, as escolas estão fechadas, todas as medidas de prevenção foram adotadas, inclusive barreira sanitária em seu acesso, mas não teve jeito.

O novo coronavírus chegou ao menor município do País em população: Serra da Saudade. A cidade tem 781 habitantes e fica localizada na região centro-oeste de Minas Gerais. Quatro moradores da mesma família fizeram na segunda-feira, 20, o segundo teste para covid-19. O resultado, assim como no primeiro exame, foi positivo. São os primeiros casos do município.

Com o anúncio da infecção da família mais de quatro meses depois das primeiras medidas contra o avanço da pandemia, os moradores da cidade, que seguiam com certa tranquilidade em relação à doença, agora terão de lidar com ela. "O pessoal aqui costuma ser tranquilo, mas agora está todo mundo assustado", afirma o funcionário público Nilton Fernandes, de 52 anos.

Nilton trabalha na portaria do posto de saúde da cidade. Conta que poucas pessoas estão procurando pelo serviço. "A médica está atendendo pelo telefone. Se há qualquer suspeita em relação à covid-19, a equipe coloca o equipamento de proteção individual e vai até a casa da pessoa", disse.

Serra da Saudade não tem hospital e os dois municípios próximos, Dores do Indaiá, a 25 quilômetros, e Estrela do Indaiá, a 18 quilômetros, não têm UTI - que só pode ser encontrada em Lagoa da Prata, distante cerca de 80 quilômetros.

As quatro pessoas infectadas, pai, mãe, filha e sobrinho, que moram na mesma casa, estão em isolamento desde o dia 15 de julho. Todos estão assintomáticos, conforme o secretário municipal de Saúde, Amarildo Fernandes. A suspeita é de que uma parente de Dores de Indaiá, em visita à família, tenha transmitido a doença. "Ela também deveria estar assintomática, por isso, passou pela barreira sanitária na entrada da cidade", supõe o secretário. Na barreira há medição de temperatura.

"Aqui não temos nada supérfluo. O que está funcionando é só mesmo o essencial. Os bares, somente em delivery. Somos um município com pouco movimento, bem pequeno, e, ainda assim, o vírus chegou", lamenta Fernandes.

Conforme o titular da pasta, desde o início da pandemia, a prefeitura distribui álcool em gel e dá orientações sobre o uso de máscaras. Pontos frequentados por turistas, como a estação ferroviária, foram fechados ainda no início da pandemia.

"É algo que fica até difícil de comentar. Preocupa todo mundo. As pessoas perguntam. A população está com muito medo", relata Fernandes. O principal questionamento da população, conforme ele é em relação à possibilidade de proibição de que as pessoas entrem na cidade. "Eu explico que não podemos fazer isso. Que podemos fechar lugares públicos, mas não a cidade".

Ainda segundo o secretário, a expectativa é de que, com o resultado positivo de covid-19 para os quatro moradores do município, visitantes que vão à Serra da Saudade, sobretudo para trilhas de bicicleta e moto, desistam da ideia temporariamente.

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