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Meio-ambiente, aborto, emprego: o que pensam os jovens nas eleições

Jovens têm sido eleitorado disputado por políticos nas eleições deste ano. Hoje, 4 de maio, é o último dia para tirar título de eleitor

Jovens: grupo entre 16 e 24 anos soma 29 milhões de pessoas no Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Agência Brasil)

Jovens: grupo entre 16 e 24 anos soma 29 milhões de pessoas no Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Agência Brasil)

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Carolina Riveira

Publicado em 4 de maio de 2022 às 06h00.

Última atualização em 4 de maio de 2022 às 08h26.

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Os brasileiros têm até esta quarta-feira, 4 de maio, para regularizar a situação eleitoral e tirar o título de eleitor. E um grupo em especial virou alvo de campanhas sobre o tema, da esquerda à direita: os jovens, que podem ser decisivos no pleito deste ano.

Mas, se de fato forem às urnas, o que os mais novos priorizarão na hora de votar? Pesquisas anteriores EXAME/IDEIA mostram que a opinião deste grupo é heterogênea, ligeiramente conservadora em temas comportamentais e, como os mais velhos, muito preocupada com a crise econômica que vive o Brasil.

Ao todo, o grupo entre 16 e 24 anos chega a 29 milhões de pessoas no Brasil, ou 17% da população. Só os jovens de 16 e 17 anos, para quem o voto é facultativo, somam 6 milhões.

Veja abaixo alguns posicionamentos desse grupo nas pesquisas.

Lula vence entre os jovens

A maioria dos jovens entre 16 e 24 anos prefere Lula a Bolsonaro até o momento. O resultado aparece na última pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA, realizada com o instituto especializado em opinião pública IDEIA e divulgada em 21 de abril.

Solicitados a escolher entre Lula e Bolsonaro (que deve ser o cenário de um eventual segundo turno), os jovens responderam que:

  • 52% votariam em Lula;
  • 36% votariam em Bolsonaro;
  • 13% não sabem ou não responderam.

Se incluídos todos os grupos etários, a vantagem de Lula cai de 16 para 11 pontos (48% dos brasileiros votariam em Lula e 39% em Bolsonaro, segundo a pesquisa).

Na pesquisa espontânea, quando os nomes não são apresentados, 40% dos respondentes entre o grupo de 16 a 24 anos escolheram Lula, e 27% escolheram Bolsonaro. O restante nomeou outros candidatos.

Bolsonaro também tem maior rejeição: 48% nesse grupo não votariam no presidente "de jeito nenhum", contra 37% que não votariam em Lula.

A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 15 e 20 de abril (veja aqui). As entrevistas foram feitas por telefone e a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-02495/2022.

Posição política

Independentemente de qual será o voto nestas eleições, os jovens da chamada "geração Z" no Brasil mostram visões heterogêneas quando o assunto é política.

Em outra sondagem, feita somente com jovens de 16 a 24 anos em abril (veja aqui), um total de 40% disseram não ter ideologia definida, mas votar “na pessoa”.

Outros 27% disseram ser “mais de esquerda”, 22% “mais de direita” e 12% de centro.

“Chama atenção o alto grau de ‘não ideologia’ da juventude, com quase metade sem definir uma posição”, disse em entrevista anterior Maurício Moura, fundador do IDEIA.

Pesquisas historicamente já mostravam o quanto o brasileiro de todas as idades se define pouco politicamente. Mas o número reflete em partes um traço clássico da geração Z: a rejeição a rótulos.

"É uma geração em que um dos comportamentos emergentes é 'individualizar' muito”, disse anteriormente à EXAME Sereno Moreno, diretor de estratégia da consultoria Box 1824, especializada em análise de tendências jovens.

“Então, na política, há uma questão identitária, uma busca por representação: se essa pessoa transmite alguns dos meus valores, se me sinto representada, então independe do partido."

Preocupação com economia

Assim como nas pesquisas com adultos, a sondagem específica com os jovens mostra o alto grau de preocupação com temas econômicos, à medida em que a nova geração chega a um mercado de trabalho desafiador.

Perguntados sobre qual é “o principal problema do Brasil hoje”, os respondentes escolheram sobretudo pontos relacionados à crise econômica e ao custo de vida.

“Somando ‘crise’, ‘fome/miséria’, ‘desemprego’ e ‘inflação’, chega-se a 40% que veem isso como principal problema do Brasil, o que mostra uma preocupação muito alta dos jovens com a economia", apontou Moura, do IDEIA.

Em seguida vieram corrupção (27%) e educação (20%).

Dados do IBGE mostram que o desemprego entre os jovens entre os jovens (de 18 a 24 anos) é quase o dobro do desemprego geral, superando 25%.

A busca por alguma estabilidade no mercado de trabalho aparece com força entre as respostas: perguntados sobre qual trabalho prefeririam se pudessem escolher, quase 60% dos jovens entre 16 e 24 anos disseram que gostariam de trabalhar com carteira assinada ou fazer um concurso público.

Pouco mais de um terço preferiria abrir a própria empresa. Só 8% disseram que prefeririam um emprego "informal, com horários flexíveis".

Meio-ambiente é unanimidade

Enquanto isso, a temática ambiental, um traço da geração Z no mundo — que vira adulta enquanto a crise climática se agrava —, se mostra quase unanimidade.

Perguntados se consideram a crise climática “uma ameaça” para seu futuro, 89% concordaram total ou parcialmente.

O número seguiu alto entre todas as faixas etárias e classes sociais na pesquisa.

Conservador nos costumes?

Embora o meio ambiente seja uma unanimidade, outros temas não são: a geração Z brasileira tem visões nos costumes que podem ser diferentes em relação ao mesmo grupo em grandes centros urbanos ou em países desenvolvidos.

Nos temas comportamentais, os jovens brasileiros responderam que:

  • são contra a descriminalização da maconha para fins recreativos (61% são contra);
  • são majoritariamente contra a ampliação do acesso a armas (72% são contrários);
  • estão divididos sobre o aborto (48% são contra a descriminalização e 46% a favor);
  • quase metade (48%) é muito ou médio ativo em suas igrejas; 
  • e 61% disseram concordar que a igreja está "envolvida demais na política".

Sobre os resultados, Moura, do IDEIA, explicou que os jovens refletem "uma sociedade conservadora", apesar de maior abertura dos mais novos a alguns temas polêmicos.

"No geral, tudo aponta que o Brasil possivelmente seguirá tendo esse perfil conservador entre as próximas gerações", disse.


Como tirar o título de eleitor online

O título de eleitor pode ser solicitado de forma gratuita e em dez minutos, segundo o TSE, e o processo pode ser feito pela internet.

O prazo para tirar o título de eleitor ou regularizar a situação eleitoral termina nesta quarta-feira, em 4 de maio. Do contrário, não será possível votar nas eleições de novembro.

Veja abaixo o passo a passo para tirar o título de eleitor:

  • Para tirar o título, acesse o site do Título Net (clique aqui);
  • Clique em "Emita, regularize e altere seus dados do titulo de eleitor";
  • Selecione a UF e clique em próximo;
  • Leia as informações e clique em próximo;
  • No campo "Título de eleitor", escolha "Não tenho" e preencha os dados;
  • Na próxima página, você deverá preencher mais dados obrigatórios;
  • Por fim, basta inserir os documentos solicitados.

Para tirar o título online, o eleitor precisará fotografar os seguintes documentos:

  • Documento de identificação (carteira de identidade, carteira de trabalho ou passaporte);
  • Selfie segurando o documento de identificação;
  • Comprovante de residência (pode ser dos pais ou responsáveis);
  • Certificado de quitação de serviço militar (para homens com idade entre 18 e 45 anos).

O voto no Brasil é autorizado para jovens a partir de 16 anos, mas é facultativo nesta faixa etária, e tirar o título não obriga o cidadão a votar. O voto só passa a ser obrigatório aos 18 anos.

Mais informações sobre como tirar o título de eleitor podem ser encontradas no site do TSE.

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