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Meia-entrada não resolve problema de cultura a deficientes

A nova lei da meia-entrada, publicada hoje, 27 no Diário Oficial da União, foi recebida em tom mais moderado por alguns beneficiados

Mão na cadeira de rodas: novas regras incluem pessoas com deficiência entre os que podem pagar a metade do valor cobrado pelo ingresso de eventos culturais e esportivos (Jos van Galen/Stock.Xchng)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2013 às 13h38.

Brasília – A nova lei da meia-entrada, publicada hoje (27) no Diário Oficial da União, foi recebida em tom mais moderado por alguns beneficiados.

As novas regras incluem agora, por exemplo, jovens de 15 a 29 anos com renda familiar mensal de até dois salários mínimos e ainda pessoas com deficiência entre os que podem pagar a metade do valor cobrado pelo ingresso de eventos culturais e esportivos.

Quem trabalha auxiliando pessoas com deficiência também foi beneficiado pela lei, que estendeu a meia-entrada para esses acompanhantes. Ainda assim, profissionais que atuam na área alertam que o desconto não soluciona o problema do acesso à cultura das pessoas com necessidades especiais.

“Antigamente, a gente ia para o cinema com uma pessoa cega e ficávamos descrevendo as coisas para eles. Isso ajuda, mas temos que pensar no direito de quem está ao lado e pode se incomodar com alguém falando”, disse Valeria Rocha Conde Aljan, assessora da direção do Instituto Benjamim Constant, que oferece ensino para pessoas cegas.

Valéria, que trabalha na instituição há quase 30 anos, explicou que hoje existem recursos como a audiodescrição que permite, com o uso de fones, que a pessoa ouça detalhes de expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela que não são percebidas pelos diálogos.

“A questão da meia-entrada é delicada. Dá acesso à parte econômica, mas a audiodescrição, que está previsa em lei, não está 100% [implantada]”, explicou a professora. “Sem esses mecanismos, a meia-entrada não vale nada”, completou.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), existem mais de 16 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial no país, mas a Valéria Aljan lembrou que o problema da acessibilidade, que limita os benefícios da meia-entrada como facilitadora do acesso à cultura, esbarra nos problemas de outros tipos de deficiência.

“No caso da deficiência auditiva, é o mesmo. Sem tradutores, a meia-entrada não tem efeito prático”, ponderou.

Professores do instituto lembram que muitas pessoas com algum tipo de deficiência acabam optando por alugar um filme ou vídeo de show para assistir em casa e, dessa forma, driblar os problemas da acessibilidade. Segundo eles, a questão econômica para esse público tem um impacto menor.

“Uma vez por mês, por exemplo, algumas peças [em cartaz no Rio de Janeiro] têm sessões com audiodescrição, e nesses casos é convite, é grátis”, disse Valéria Aljan.

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Brasília – A nova lei da meia-entrada, publicada hoje (27) no Diário Oficial da União, foi recebida em tom mais moderado por alguns beneficiados.

As novas regras incluem agora, por exemplo, jovens de 15 a 29 anos com renda familiar mensal de até dois salários mínimos e ainda pessoas com deficiência entre os que podem pagar a metade do valor cobrado pelo ingresso de eventos culturais e esportivos.

Quem trabalha auxiliando pessoas com deficiência também foi beneficiado pela lei, que estendeu a meia-entrada para esses acompanhantes. Ainda assim, profissionais que atuam na área alertam que o desconto não soluciona o problema do acesso à cultura das pessoas com necessidades especiais.

“Antigamente, a gente ia para o cinema com uma pessoa cega e ficávamos descrevendo as coisas para eles. Isso ajuda, mas temos que pensar no direito de quem está ao lado e pode se incomodar com alguém falando”, disse Valeria Rocha Conde Aljan, assessora da direção do Instituto Benjamim Constant, que oferece ensino para pessoas cegas.

Valéria, que trabalha na instituição há quase 30 anos, explicou que hoje existem recursos como a audiodescrição que permite, com o uso de fones, que a pessoa ouça detalhes de expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela que não são percebidas pelos diálogos.

“A questão da meia-entrada é delicada. Dá acesso à parte econômica, mas a audiodescrição, que está previsa em lei, não está 100% [implantada]”, explicou a professora. “Sem esses mecanismos, a meia-entrada não vale nada”, completou.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), existem mais de 16 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial no país, mas a Valéria Aljan lembrou que o problema da acessibilidade, que limita os benefícios da meia-entrada como facilitadora do acesso à cultura, esbarra nos problemas de outros tipos de deficiência.

“No caso da deficiência auditiva, é o mesmo. Sem tradutores, a meia-entrada não tem efeito prático”, ponderou.

Professores do instituto lembram que muitas pessoas com algum tipo de deficiência acabam optando por alugar um filme ou vídeo de show para assistir em casa e, dessa forma, driblar os problemas da acessibilidade. Segundo eles, a questão econômica para esse público tem um impacto menor.

“Uma vez por mês, por exemplo, algumas peças [em cartaz no Rio de Janeiro] têm sessões com audiodescrição, e nesses casos é convite, é grátis”, disse Valéria Aljan.

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