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Matar suspeitos é rotina na polícia brasileira, diz WSJ

Em extenso artigo sobre a violência no Brasil, "The Wall Street Journal" mostra o quanto índice de morte de suspeitos por policiais no Brasil é elevado


	Artigo do WSJ relaciona violência policial a desigualdades sociais e afirma que desenvolvimento econômico brasileiro também é bastante desigual
 (Marcelo Camargo/ABr)

Artigo do WSJ relaciona violência policial a desigualdades sociais e afirma que desenvolvimento econômico brasileiro também é bastante desigual (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2013 às 14h43.

São Paulo - A edição do último sábado (13) do jornal americano "The Wall Street Journal" dedicou um longo artigo à violência policial no Brasil, afirmando que matar suspeitos está se tornando rotina entre policiais brasileiros. Segundo o jornal, a Polícia de São Paulo matou um suspeito para cada 229 presos no ano passado, em comparação com o índice de um suspeito para cada 31.575 presos nos Estados Unidos em 2011.

No entanto, o artigo sublinha que o fenômeno não é restrito a São Paulo, afirmando que a polícia paulista é uma das menos letais do país. De acordo com o texto, apesar dos experimentos com polícia comunitária, o Rio de Janeiro tem uma polícia que mata quatro vezes mais suspeitos que a de São Paulo. "O símbolo da polícia tática do Rio é um crânio com duas pistolas e uma faca atravessada", destaca o jornal, referindo-se ao símbolo do Batalhão de Operações Policiais Especiais do estado fluminense, o Bope.

"Mas o que acontece em São Paulo é crucial: se o estado mais rico, cosmopolita e desenvolvido do Brasil não consegue modernizar sua polícia, dizem especialistas, é improvável que outros estados consigam", diz o texto.

O artigo rememora a morte do servente Paulo Nascimento, na periferia de São Paulo em novembro de 2012, suspeito de roubo de carro. O caso ganhou repercussão na época porque imagens feitas pelo celular de um vizinho mostraram o momento em que os policiais detiveram o servente e aparentemente o executaram. As imagens foram exibidas no "Fantástico" da TV Globo.

"Em um país onde muitos, cansados de crimes violentos, justificam a postura justiceira da polícia, o vídeo e o julgamento iminente movimentam os reformadores que dizem que a política de reduzir o número de presos da polícia brasileira está em descompasso com as aspirações de uma democracia emergente buscando elevar uma vasta classe baixa à prosperidade. Eles [o vídeo e o julgamento policial] são lembretes do desenvolvimento desigual do Brasil. Apesar de a economia ter tomado impulso, outras áreas, como a justiça criminal, permanecem firmes no Terceiro Mundo", diz o texto do WSJ.

O artigo diz ainda que as autoridades brasileiras reconhecem o problema: cita que, em entrevista, o secretário de Estado da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse que a capital tem uma "categoria de criminalidade" que vai sempre levar a alguns tiros justificados por parte dos policiais, mas que não vai "tolerar abusos por parte da polícia".

Outra questão de segurança pública mencionada pelo WSJ são os grupos de extermínio, descritos como "esquadrões da morte freelancers". O jornal lembra pesquisa do Instituto Datafolha que revela, no entanto, que 53% dos moradores de São Paulo acreditam que policiais que matam criminosos como parte de um grupo de extermínio não devem ser presos.

Ao descrever os tipos de crimes que acometem a população paulistana, o jornal diz que "Poucos desses crimes são solucionados, enquanto os processos que são abertos podem levar anos para serem julgados. Criminosos presos vão para prisões dominadas pelo Primeiro Comando da Capital, ou PCC, uma facção grande o bastante para desafiar a polícia." E completa: "A conclusão de muitos é que o sistema de justiça criminal está completamente falido".

Outro ponto apontado pelo texto é que muitos dos tiroteios e execuções ocorrem nas periferias de São Paulo. "Lá, a aceitação da violência policial é um duro lembrete de que o preconceito de classe e a desigualdade persistem no Brasil apesar dos ganhos econômicos", diz o texto.

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