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Marcello Miller fazia delação "a la carte", diz advogado

Afirmação foi feita pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado como operador de propinas da Odebrecht

Marcello Miller: advogado afirmou que existe uma "indústria da delação" (Alex Lanza/MPMG/Divulgação)

Marcello Miller: advogado afirmou que existe uma "indústria da delação" (Alex Lanza/MPMG/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 13h24.

Brasília - Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, o advogado Rodrigo Tacla Duran acusou o ex-procurador Marcello Miller de preparar "delações a la carte".

Duran contou aos parlamentares, nesta quinta-feira, 30, em videoconferência, que Miller tentou negociar com ele seu acordo de colaboração premiada e o incitou a dizer quais políticos e autoridades públicas poderia entregar.

"Quando esteve comigo, Marcello Miller começou a listar parlamentares. Ele começava a falar nomes de políticos, autoridades estatais: 'Qual deles o senhor conhece? Qual o senhor pode entregar?'", afirmou antes de criticar a conduta do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato. "Indústria da delação porque estão fechando processos penais batendo carimbo, sem investigar. Esse é o sentido da indústria da delação", afirmou.

Duran foi convocado para depor à CPMI porque é apontado como operador de propinas da Odebrecht. Ele teria trabalhado a favor da empresa ainda enquanto ocupava o cargo no Ministério Público Federal (MPF). O advogado tem um pedido de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro, mas se mantém em liberdade na Espanha, onde vive atualmente. Por causa do pedido feito pelo magistrado, Tacla Duran foi alvo de um pedido de extradição para o Brasil, o que foi negado por autoridades espanholas.

Como adiantou o jornal O Estado de S. Paulo, Duran também afirma ter participado de uma reunião com integrantes da Lava Jato, em Curitiba, na qual o ex-procurador Miller pediu a ele que gravasse uma conversa com advogados da Odebrecht. Segundo ele, o pedido de Miller teria ocorrido durante uma das reuniões para negociar um acordo de colaboração premiada. Ele não especifica a data desse encontro.

"Eu fui convocado por uma reunião na Odebrecht e quando comuniquei isso (aos procuradores), Marcello Miller sugeriu: 'então vai lá e grava'. Neste momento o (procurador) Sérgio Bruno disse para eu escutar a reunião e contar pra eles".

Em seu primeiro depoimento à CPMI, concedido aos deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ), na Espanha, o advogado disse ainda que Miller e Sérgio Bruno, os dois à época integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, participaram de algumas reuniões de negociação do acordo porque havia "interesse" em saber se ele "tinha alguma informação ou situações que envolvessem pessoas com foro privilegiado".

Tacla Duran se recusou a entrar no acordo de delação que envolveu 77 executivos ligados à empreiteira. O advogado é acusado de operar, ao lado de executivos do departamento de propinas da Odebrecht, propinas de dois contratos firmados pelos consórcios Pipe Rack e TUC, integrados pelas empresas Odebrecht e UTC, com a Petrobrás para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

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