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"Macron desconhece a produção de soja no Brasil", diz Mourão

Mourão destacou que a produção agrícola da região amazônica é "ínfima" e que Macron apenas "externou interesses protecionistas dos agricultores franceses"

Mourão: Mourão afirmou, em francês, que Macron não estava bem (Bruno Batista/ VPR/Divulgação)

Mourão: Mourão afirmou, em francês, que Macron não estava bem (Bruno Batista/ VPR/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 10h50.

Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 22h04.

Em reação a declarações do presidente da França, Emmanuel Macron sobre o desmatamento na Amazônia e a produção de soja no Brasil o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira (13) que o mandatário francês desconhece a produção de oleaginosa brasileira. Presidente do Conselho Nacional da Amazônia, Mourão destacou que a produção agrícola da região amazônica é "ínfima" e que Macron apenas "externou interesses protecionistas dos agricultores franceses".

Nesta terça-feira, em suas redes oficiais, o presidente francês afirmou que "continuar a depender da soja brasileira seria ser conveniente com o desmatamento da Amazônia". No vídeo publicado em sua conta oficial do Twitter, Macron fala em "não depender mais" da soja brasileira e produzir o grão na Europa. "Nós somos coerentes com nossas ambições ecológicas, estamos lutando para produzir soja na Europa", afirmou.

Questionado sobre as declarações nesta manhã, Mourão afirmou, em francês, que Macron não estava bem. "Monsieur Macron? Monsieur Macron ne pas bien. Monsieur Macron desconhece a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no cerrado ou no sul do País. A produção agrícola na Amazônia é ínfima", declarou Mourão para jornalistas na chegada à vice-presidência.

O vice-presidente destacou que o Brasil tem menos de 8% da sua área dedicada à agricultura, enquanto a França tem mais de 60%. Apesar disso, ele avaliou que o País europeu não tem condições de competir com o Brasil na produção de soja. "Nesse aspecto, na questão da produção agrícola damos de 10 a 0 neles, franceses", disse.

"Nada mais, nada menos Macron externou interesses protecionistas dos agricultores franceses, faz parte do jogo político", opinou. Na avaliação de Mourão, a fala do presidente francês não deverá influenciar outros líderes mundiais. "Acho que foi discurso interno."

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia consultados pelo Estadão/Broadcast, quase 20% das exportações para a União Europeia, bloco do qual os franceses fazem parte, são de soja e farelo da oleaginosa produzidos pelo Brasil.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 27,1 milhões do grão para a França, além de US$ 544 milhões de farelo de soja, de um total de US$ 1,983 bilhão em embarques para o país europeu. A quantidade recebida pela França pode ser ainda maior considerando dados agregados da produção recebida por portos da Espanha e Países Baixos e depois escoada para demais países europeus.

Procurados pela reportagem ontem, os ministérios da Economia e da Agricultura disseram que não comentariam as declarações de Macron. Questionada hoje, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) orientou a procurar novamente o Ministério da Agricultura, que até a publicação deste texto ainda não havia respondido ao pedido de manifestação.

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