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Lula jamais aceitaria se reunir com a família num quartel, diz advogado

Decisão de Tofolli que liberava ex-presidente para reunião com familiares e velório do irmão saiu quando o corpo já estava sepultado

Vavá: Irmão do petista faleceu por conta de um câncer na terça-feira (29) e foi velado nesta quarta (30) (Ricardo Stuckert/PT/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2019 às 15h43.

Última atualização em 30 de janeiro de 2019 às 15h53.

São Paulo - O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva , Manoel Caetano Ferreira, justificou na tarde desta quarta-feira, 30, a decisão do petista de não aceitar uma reunião com familiares autorizada pela Justiça por conta a morte de seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá. Ao falar com a imprensa em frente à sede da Polícia Federa l em Curitiba, onde Lula está preso, o advogado disse que a decisão ocorreu muito tarde e previa condições que o ex-presidente não estaria disposto a acatar.

"A decisão foi absolutamente inócua, foi proferida quando o corpo já estava baixando na sepultura", afirmou Ferreira. "O presidente não concordaria em se reunir com sua família num quartel. Disse isso claramente, seria um vexame, um desrespeito com a família", emendou.

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Lula desistiu de utilizar a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para deixar temporariamente a carceragem da Polícia Federal em Curitiba e viajar até São Bernardo do Campo, onde se encontraria com sua família após o enterro de seu irmão mais velho.

O presidente do STF, Dias Toffoli, autorizou que Lula encontrasse com seus parentes em uma unidade militar de São Paulo após o enterro de seu irmão, conhecido como Vavá. No entanto, o ex-presidente decidiu permanecer em Curitiba e receber os familiares amanhã, dia de visita na carceragem da PF na capital paranaense.

"Lula não tem motivos para se encontrar às escondidas com sua família, como se isso fosse um favor da Justiça", afirmou o deputado federal Paulo Pimenta, em mensagem publicada pelo Twitter do PT.

A defesa de Lula apresentou o pedido para que o ex-presidente fosse ao enterro de Vavá pouco depois da notícia da morte, com base em um artigo da Lei de Execução Penal que dá aos presos o direito de comparecer ao funeral de seus familiares.

No entanto, o pedido foi negado pela juíza responsável pelo caso, Carolina Lebbos, que aceitou os pareceres da PF e do Ministério Público Federal recomendando que o ex-presidente não fosse solto. A PF citou como motivos o risco de fuga e atentado contra vida do petista, além de protestos favoráveis e contrários a ele.

A decisão de Toffoli de permitir que Lula se encontrasse com os familiares em uma base militar de São Paulo saiu depois de o corpo de Vavá ter sido sepultado, causando revolta entre os parentes e os correligionários do ex-presidente.

Segundo Pimenta, Lula considerou que a demora para que a autorização saísse faz parte da perseguição política a ele. O ex-presidente acredita, conforme o deputado, que a decisão partiu do ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro.

"Lula não vai viajar para São Bernardo do Campo porque não pretende se submeter ao circo montado por Moro", disse Pimenta.

O ex-ministro Gilberto Carvalho criticou a demora. "É lamentável que a autorização só tenha saído essa hora. Lula, com muita dignidade, agradeceu, mas não viajará. Não faz sentido", disse.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, informou que Lula receberá seus familiares amanhã, dia em que o ex-presidente tem direito de ser visitado na carceragem da PF em Curitiba.

"Não deixaram ele se despedir de Vavá por pura maldade", disse.

Irmão mais velho de Lula, Vavá tinha 79 anos e morreu vítima de um tipo raro de câncer que afetou seus vasos sanguíneos.

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