Presidente Lula e padre Julio Lancelotti (X/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 4 de janeiro de 2024 às 17h57.
Última atualização em 4 de janeiro de 2024 às 18h33.
O presidente Lula manifestou apoio ao padre Júlio Lancellotti, cuja atuação filantrópica será investigada na CPI aberta pela Câmara dos Vereadores de São Paulo. Em uma publicação na sua conta do X, o presidente disse que "graças a Deus" existem figuras como o padre na cidade de São Paulo e que seu trabalho é essencial "para dar algum amparo a quem mais precisa".
"Graças a Deus a gente tem figuras como o Padre Julio Lancellotti na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa", publicou Lula.
Graças a Deus a gente tem figuras como o @pejulio, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da… pic.twitter.com/qUSRQRBnUr
— Lula (@LulaOficial) January 4, 2024
A iniciativa pela comissão é do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e mira, principalmente, duas entidades que realizam trabalho comunitário destinado à população de rua e aos dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e no coletivo Craco Resiste.
Nunes acusa o religioso de fazer parcerias com elas. Ao O Globo, o vereador disse receber "inúmeras denúncias" sobre a atuação de várias ONGs no centro de São Paulo, que dão alimentos, mas não realizam o acolhimento dos vulneráveis:
"Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação."
Em suas redes sociais, Padre Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as entidades. "Esclareço que não pertenço a nenhuma Organização da Sociedade Civil ou Organização Não Governamental que utilize de convênio com o Poder Público Municipal. A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão", disse em nota.
Três vereadores pediram para tornar sem efeito as suas assinaturas a favor da criação da CPI que mira a atuação do padre Júlio Lancellotti e de organizações não governamentais (ONGs) no centro de São Paulo. São eles: Sidney Cruz (Solidariedade), Thammy Miranda (PL) e Xexéu Tripoli (PSDB).
Thammy justificou ao O Globo que foi vítima de "fake news" e que em nenhum momento foi citado o nome do padre no requerimento, de autoria do vereador Rubinho Nunes, do União Brasil. O filho da cantora Gretchen ainda elogiou o trabalho de Júlio Lancellotti e disse que não assinaria a proposta se soubesse que o trabalho dele seria investigado.
Sidney Cruz também ressaltou que o requerimento de criação da CPI não trazia o nome do padre. Ele protocolou um requerimento para tornar sem efeito a sua assinatura.
O tucano Xexéu Tripoli, por sua vez, afirmou que pedirá para tornar sem efeito a sua assinatura. Ao contrário dos colegas, porém, ele nega que tenha sido enganado por Rubinho.
Ao jornal, Rubinho Nunes disse que o objetivo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é investigar ONGs que exploram a miséria no centro de São Paulo, e não investigar o padre Júlio Lancellotti em específico. Segundo o vereador, o padre será convidado a prestar esclarecimentos sobre sua atuação na região e, caso não compareça, poderá, sim, ser convocado.
O requerimento de criação da CPI das ONGs reuniu 22 assinaturas — com as desistências, serão 19, segundo Rubinho. A assinatura é feita à mão, o que dificulta a identificação de todos os vereadores. Entre os que assinaram estão Fernando Holiday (PL), Isac Félix (líder do PL na Câmara) e Sansão Pereira (Republicanos). Algumas assinaturas, no entanto, não estão legíveis.