O coordenador dos grupos técnicos da transição de governo, Aloizio Mercadante, chega ao Centro Cultural Banco do Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Alessandra Azevedo
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 16h20.
Última atualização em 13 de dezembro de 2022 às 17h30.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira, 13, que o ex-ministro Aloizio Mercadante será presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a partir de 2023.
"Quero dizer para vocês que não é mais boato. Aloizio Mercadante será presidente do BNDES", afirmou Lula, em evento no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da transição, em Brasília.
O companheiro Aloizio Mercadante será presidente do BNDES. Precisamos de alguém que pense em desenvolvimento, inovação tecnológica, para que esse país volte a gerar empregos. E para dizer ao mundo inteiro que quiser vir para cá, que venha. Nosso país voltará a ser respeitado.
— Lula (@LulaOficial) December 13, 2022
Atualmente, Mercadante atua como coordenador dos grupos técnicos da equipe de transição. Durante os governos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o economista esteve à frente de três ministérios: da Educação, da Casa Civil e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O BNDES deve ser vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), que será recriado a partir da divisão do atual Ministério da Economia. Lula ainda não anunciou quem comandará a pasta.
Na semana passada, Mercadante afirmou que o governo Bolsonaro "quebrou o Estado brasileiro" e que serviços essenciais "já estão paralisados ou correm grande risco de serem totalmente comprometidos". O Ministério da Economia rebateu, em nota.
Nesta terça-feira, em evento no CCBB, Mercadante reforçou a conclusão dos grupos de trabalho. "O governo disse que a situação fiscal está muito boa. Muito boa para quem?", questionou.
"Para qualquer área que a gente tem olhado não tem dinheiro", afirmou Mercadante. Ele citou a falta de verbas para livros didáticos, merendas escolares, bolsas de estudo, Farmácia Popular, tratamento de câncer, entre outras áreas.
Mercadante garantiu que o governo eleito fará um "revogaço" em várias ações da gestão atual. A intenção, segundo ele, é "avaliar cada medida e suas implicações" e decidir, com Lula, o que será revogado, com base nos diagnósticos apresentados pelos 32 grupos de trabalho da transição.
Mercadante, 68 anos, é um economista com longa história no PT. Já foi vice-presidente nacional do partido e chegou a ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula à Presidência, em 1994. A trajetória política começou ainda na década de 1970, quando era estudante na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP).
Em 1991, Mercadante assumiu o primeiro mandato de deputado federal, eleito por São Paulo. Em 1998, foi eleito novamente para a Câmara e, quatro anos depois, para o Senado. Pediu licença para concorrer ao governo de São Paulo, em 2006, mas perdeu a disputa para José Serra (PSDB) naquele ano e voltou para terminar o mandato de senador.
Depois de cumprir os oito anos no Senado, Mercadante foi nomeado ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2011. No ano seguinte, assumiu o Ministério da Educação, no lugar de Fernando Haddad, que deixou o posto para concorrer à prefeitura de São Paulo.
Em fevereiro de 2014, Mercadante passou a ser ministro da Casa Civil. Voltou ao Ministério da Educação em outubro de 2015 e permaneceu no cargo até o impeachment de Dilma, em 2016. Hoje, o economista preside a Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT.