Lista de Fachin: delator afirma que Eliseu Padilha pegou R$ 10 mi
A delação implica Padilha no recebimento de propina desde quando ele era ministro dos Transportes, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2017 às 22h19.
O ex-diretor da Odebrecht José de Carvalho Filho, um dos delatores da empreiteira na Operação Lava Jato , detalhou pagamentos realizados supostamente a pedido do ministro-chefe da Casa Civil do governo Michel Temer, Eliseu Padilha (PMDB), entre 1997 e 2014, em um total de R$ 10 milhões.
Carvalho apontou datas e locais de entrega de valores. Os repasses teriam sido feitos sob os codinomes Angorá e Primo.
A delação implica Padilha no recebimento de propina desde quando ele era ministro dos Transportes, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Carvalho narra pelo menos três ocasiões em que o ministro do governo Temer teria recebido dinheiro da Odebrecht, uma em 2000 e duas em 2014, quando ele já era ministro da Aviação Civil do governo Dilma (PT).
De acordo com Carvalho, o ministro "facilitou a atuação da empresa em obras no Estado do Tocantins, incluindo a eclusa de Lajeado, que permitiria aumentar a navegabilidade do rio Tocantins".
Na ocasião, Eliseu Padilha teria recebido R$ 2 milhões, como pedido para "ajudar nos custos da campanha do PMDB no País naquele ano".
À Procuradoria-Geral da República, José de Carvalho Filho citou o interlocutor de nome "Edgar Santos, ligado ao partido".
Segundo o delator, Edgar teria sido o destinatário do dinheiro. “Indicaram uma pessoa com o nome Edgar Santos ligado ao partido e que repassasse a ele o valor de R$ 2 milhões”, disse.
Carvalho ainda relata duas ocasiões em que Padilha teria recebido propina em 2014.
Na primeira delas, em março, o executivo Benedicto Júnior - também delator da Odebrecht - determinou o pagamento de R$ 4 milhões, que teria sido feito no gabinete do então ministro da Aviação Civil.
Nesta época, a Odebrecht participava da concorrência das concessões de alguns aeroportos do País. Acabou levando o contrato do Galeão, no Rio.
Em maio de 2014, afirmou o delator, Marcelo Odebrecht determinou o pagamento de R$ 4 milhões, como "ajuda de campanha ao PMDB".
Carvalho declarou que soube depois que Padilha destinou parte dos valores, cerca de R$ 1 milhão, para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - hoje preso no Paraná.
O delator afirmou ainda que recebeu uma ligação do ex-presidente da Câmara cobrando os valores. “Um belo dia me liga o deputado chateado, porque não tinha recebido o dinheiro, brigou comigo, falou de forma ostensiva e agressiva.”
Carvalho disse que o dinheiro pago a Padilha não foi contabilizado. Ele afirmou que desconhece o destino dado aos recursos e que apenas recebeu a ordem de seu superior, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, para que procurasse o peemedebista e avisasse que os valores estavam à disposição.