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Lista de apoiadores à cassação de Cunha chega a 50 deputados

Pedido liderado pelo PSOL e Rede Sustentabilidade foi entregue ontem à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara

Eduardo Cunha: todo o processo, da representação à possível cassação de mandato, leva 90 dias úteis (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2015 às 19h04.

São Paulo – O pedido protocolado pelo PSOL e Rede Sustentabilidade que pede a cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados , Eduardo Cunha ( PMDB ), chegou hoje a 50 assinaturas entre os parlamentares da casa. O relatório foi entregue ontem com pouco mais da metade dos nomes à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.

As assinaturas são meramente simbólicas, já que uma representação protocolada no Conselho de Ética só pode ser assinada pelos presidentes dos partidos que fizeram a requisição. No caso, assinam o presidente do PSOL, Luiz Araújo, e da Rede, Gabriela Barbosa Batista.

Os 50 apoiadores representam pouco menos que 10% dos 513 deputados da casa. A grande maioria é do PT : 32 deputados. PSOL tem 5, Rede e PSB tem 3 cada um. (Veja a lista completa de parlamentares abaixo)

Os partidos já haviam entrado com pedido de investigação de Cunha pela Corregedoria da Câmara, mas, como esse pedido dependia da autorização da Mesa Diretora, a qual o próprio presidente da casa faz parte ao lado de aliados, o PSOL partiu para o Conselho de Ética.

Novamente, o pedido é embasado na quebra de decoro parlamentar. Segundo os partidos líderes, Cunha mentiu na CPI da Petrobras sobre a posse de contas controladas por ele na Suíça através de empresas de fachada. Pesa ainda o fato de o deputado estar envolvido nas investigações da Operação Lava Jato , acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

A Comissão de Ética da Câmara é presidida por José Carlos Araújo ( PSD ). Segundo entrevista à Folha de S. Paulo, o parlamentar disse que não dará “vida fácil” a Cunha no processo, que deve tramitar com celeridade. "Não vamos apreciar uma representação contra o presidente, mas contra o deputado Eduardo Cunha. Aliás, aqui [no Conselho de Ética] só há espaço para um presidente, que sou eu", disse ao jornal.

Esse tipo de processo político pode resultar em punições que vão de advertência à perda do mandato de Cunha. Em seu último mandato no Conselho de Ética, Araújo foi responsável pelos processos de cassação dos deputados André Vargas (ex-PT) e Natan Donadon (Sem partido), ambos presos.

Câmara dos Deputados: no fim, quem decidirá se Cunha fica no cargo são os próprios deputados (REUTERS/Ueslei Marcelino)

PASSO A PASSO

A ideia do Conselho é enviar o pedido para a mesa diretora ainda hoje, com prazo de três sessões para que seja instaurado o processo. O presidente Eduardo Cunha não tem poder de barrar o pedido.

Instaurado o processo, serão sorteados três nomes de membros do Conselho para que o presidente escolha o relator. De acordo com o praxe da casa, esse relator tem 10 dias úteis para preparar um parecer preliminar.

O parecer é votado e, se aprovado, gera a notificação ao presidente da Câmara. Cunha tem mais 10 dias úteis para apresentar sua defesa.

Com a resposta em mãos, o relator terá 40 dias úteis para pedir documentos e realizar oitivas. Ele prepara então o parecer final. Se aprovado, este parte para votação no plenário da Câmara, que pode cassar o mandato de Cunha.

O prazo total para o processo é fixado em 90 dias úteis.

QUEM SÃO OS DEPUTADOS QUE QUEREM A CASSAÇÃO DE EDUARDO CUNHA

ParlamentarPartido
Adelmo Carneiro LeãoPT
Afonso FlorencePT
Alessandro MolonREDE
Aliel MachadoREDE
Ana PeruginiPT
AngelimPT
Arnaldo JordyPPS
Assis Do CoutoPT
Beto FaroPT
BohngassPT
Cabo DacioloSem Partido
Chico AlencarPSOL
Chico D'AngeloPT
Decio LimaPT
Edimilson RodriguesPSOL
Enio VerriPT
Erika KokayPT
Givaldo VieiraPT
Glauber BragaPSOL
Heitor SchuchPSB
Henrique FontanaPT
Hugo LealPROS
Ivan ValentePSOL
Jarbas VasconcelosPMDB
Jean WyllysPSOL
João DanielPT
João DerlyREDE
Jorge SollaPT
José StédilePSB
Leonardo MonteiroPT
Leonidas CristinoPROS
Luiz CoutoPT
Luiza ErundinaPSB
Luzianne LinsPT
MarconPT
Margarida SalomãoPT
Maria Do RosarioPT
Max FilhoPSDB
Moema GramachoPT
Nilton TattoPT
Padre JoãoPT
PaulãoPT
Paulo PimentaPT
Pedro UczaiPT
Pepe VargasPT
Professora MarcivaniaPT
Sergio VidigalPDT
Wadih DamousPT
Ze CarlosPT
Zeca DirceuPT

Veja também

São Paulo - Denunciado nesta quinta por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras , o presidente da Câmara, Eduardo Cunha , teria recebido propina como pagamento para facilitar dois contratos entre o estaleiro Samsung e a Diretoria Internacional da estatal.  De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República,Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, teria intermediado o pagamento de 40 milhões de dólares em propina distribuídos entre ele, Cunha e Cerveró.Cerca de 40,3 milhões de dólares foram transferidos pelo estaleiro para uma conta da offshore do lobista Julio Camargo no Uruguai – que, por sua vez, repassava os valores para contas no exterior indicadas por Baiano. Depois que as sondas foram entregues, o estaleiro, contudo,  suspendeu o pagamento das últimas parcelas da propina de cada acordo. O primeiro no valor de 6,25 milhões de dólares. O segundo, de 6,395 milhões de dólares. Em resposta, Cunha teria começado a chantagear o representante da Samsung com requerimentos da Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados (CFFC). Os pedidos foram assinados pela ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), hoje prefeita de Rio Bonito (RJ) - também denunciada nesta quinta.  Após a pressão, Camargo repassou 5 milhões de dólares em propina para o presidente da Câmara - até a conta de igreja evangélica teria recebido uma parte do dinheiro. Cerca de 250 mil reais (ou o equivalente a 1/40 do montante devido) teriam sido depositados por Julio Camargo nas contas da igreja evangélica Assembleia de Deus, ministério Madureira. É o que afirma Rodrigo Janot, procurador-geral da República, na denúncia apresentada contra o peemedebista nesta quinta-feira.  Cunha é acusado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além da condenação criminal, a Procuradoria pede a 80 milhões de dólares como restituição pelos crimes cometidos e reparação dos danos causados à Petrobras.
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