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Líderes do PT e aliados se reúnem hoje com Lula para pedir indicação de ministro da Fazenda

Eles levarão o diagnóstico de que é preciso ter um ‘rosto’ para destravar a negociação da ‘PEC da Transição’ no Congresso

A dificuldade de avançar com a PEC no Congresso fez com que Lula passasse a ser pressionado até mesmo para anunciar seu ministro da Fazenda (Horacio Villalobos/Getty Images)

A dificuldade de avançar com a PEC no Congresso fez com que Lula passasse a ser pressionado até mesmo para anunciar seu ministro da Fazenda (Horacio Villalobos/Getty Images)

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Agência O Globo

Publicado em 25 de novembro de 2022 às 07h23.

Última atualização em 25 de novembro de 2022 às 09h25.

Com dificuldade na articulação da “PEC da Transição”, proposta de emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento do ano que vem para cumprir as promessas eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líderes do PT e de outros partidos da aliança se encontram hoje com o presidente eleito em São Paulo para propor que ele acelere a indicação de seu futuro ministro da Fazenda.

O diagnóstico de petistas e aliados é que falta um “rosto” para encampar a medida que permitirá ao novo governo pagar o Bolsa Família de R$ 600 em 2023 e também outros gastos. A dificuldade de avançar com a PEC no Congresso fez com que Lula passasse a ser pressionado até mesmo por aliados para anunciar seu ministro da Fazenda.

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Entre eles está o senador Jaques Wagner (PT-BA), que ontem afirmou que o que falta é "ministro da Fazenda" para destravar as negociações da proposta de emenda à Constituição. O senador é dum dos aliados que levarão a Lula hoje o diagnóstico da necessidade de um ministro da Fazenda indicado.

Aliados reclamam do PT na 'PEC da Transição': ‘Se resolver a questão política, dá para aprovar em dois dias’

A cúpula do PT deve participar em peso desse encontro, entre eles Wagner e a presidente do PT, Gleisi Hoffman, além do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). O presidente está há duas semanas sem ir a Brasília, primeiro por conta da COP27 e depois para se recuperar de uma cirurgia na garganta.

Haddad é o mais cotado

Enquanto Lula não define sua Esplanada, aliados do presidente eleito, dentro e fora do PT, colocam Fernando Haddad como o mais cotado para assumir o posto.

Um dos indicativos foi o fato de o presidente eleito ter escalado o ex-ministro para representá-lo no tradicional Almoço Anual de Dirigentes de Bancos da Febraban, que acontece hoje, em São Paulo, com a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A notícia foi antecipada pela colunista do GLOBO Míriam Leitão.

A PEC hoje tem um impacto de quase R$ 200 bilhões, mas tende a ser desidratada na negociação com o Congresso, que tem dificuldades para avançar.

A pressão para que Lula escolha logo o ministro da Fazenda, uma demanda do mercado financeiro desde que foi anunciado o resultado da apuração do segundo turno da eleição presidencial, no fim de outubro, foi escancarada ontem por um dos principais aliados de Lula, o senador Jaques Wagner (PT-BA), para quem a dificuldade de destravar a aprovação da PEC se dá pela ausência de um nome para a pasta.

— Acho que falta mais, por enquanto, é um ministro da Fazenda — afirmou Wagner, quando questionado por jornalistas se falta um articulador empoderado por Lula para agilizar o andamento da PEC no Congresso. — O problema é que não tem nome na mesa, tem na cabeça do presidente — completou ele.

A leitura entre petistas é que a fala de Wagner representa um sentimento de que falta alguém para negociar, pedir e cobrar o engajamento de líderes de partidos aliados. O senador foi escalado para assumir a articulação política da PEC no Congresso e tem sido considerado o "Casa Civil" da transição.

Na quarta-feira, Wagner recebeu uma romaria de deputados e senadores no seu gabinete. As conversas contaram com outros nomes do núcleo duro petista, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o deputado José Guimarães (CE) e o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG).

Dobradinha com Persio

Na tentativa de arrefecer as desconfianças do mercado financeiro com Haddad, integrantes da transição afirmam que o economista Persio Arida, ex-presidente do BNDES e um dos pais do Plano Real, poderia compor uma dobradinha com ele na equipe econômica.

Uma das alternativas aventadas é Persio ser escolhido para o Ministério do Planejamento, mas ainda não houve convite, de acordo com interlocutores. Essa pasta será recriada por Lula, já que hoje está integrada ao Ministério da Economia. Essa possibilidade animou o mercado ontem, que fechou com alta da Bolsa e queda do dólar.

Dentro do grupo de transição, a avaliação é que a indicação de Arida para o Planejamento, além de reduzir as resistências do mercado a Haddad, criaria pontes do novo governo com segmentos do setor financeiro e empresarial. Além disso, indicaria que Lula está construindo um governo de coalizão, escolhendo não apenas nomes do PT ou aliados mais próximos para a Esplanada.

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