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Lei dos EUA ameaça empreiteiras suspeitas de irregularidades

As empreiteiras brasileiras começam a se preparar para a investigação do Departamento de Justiça americano sobre o caso

Petrobras: as empresas temem a forma célere e implacável de investigação (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 09h21.

São Paulo - As empreiteiras brasileiras, acusadas na operação Lava Jato de pagar propinas em negócios com a Petrobras , começam a se preparar para a investigação do Departamento de Justiça americano sobre o caso.

Os advogados estão alertando seus clientes de que elas podem ser enquadradas na lei anticorrupção americana e sofrer processos de investigação parecidos com o que a própria Petrobras está enfrentando.

A preocupação entre as construtoras existe porque um processo desses, além de custar caro (já que são as empresas que precisam pagar as consultorias que fazem a investigação e depois ainda estão sujeitas a pesadas multas), pode restringir a capacidade de financiamento.

Um dos casos mais famosos de investigação anticorrupção dos americanos de uma empresa fora dos Estados Unidos foi o da alemã Siemens, que teve de desembolsar US$ 2 bilhões para pagar o custo da investigação e ainda fez um acordo para pagar outro US$ 1,6 bilhão para encerrar o processo.

Mas também o Brasil tem os seus casos, com o da Embraer, em que a empresa é acusada de pagar propina fora do País.

As empresas também temem a forma célere e implacável de investigação. "A questão do caso Petrobras ficará mais preocupante para as empresas quando os Estados Unidos começarem a investigar, pois é muito mais provável que saia primeiro uma decisão lá fora do que um desfecho dos processos no Brasil", diz o advogado Jorge Nemr, do escritório Leite, Tosto e Barros Advogados.

Nesta quinta-feira, 11, o Ministério Público Federal denunciou 35 pessoas por ligação com esquemas de desvios e citou em sua denúncia as construtoras OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Jr., Engevix e Galvão Engenharia.

Enquadramento

Para ser enquadrada como empresa americana, e portanto estar sujeita à lei anticorrupção do país, não é preciso muito. A advogada Isabel Franco, do escritório KLA, diz que basta ter sido usado um servidor de e-mail no país, ou encontros em algum hotel qualquer, ou pagamentos via alguma conta bancária em Miami, por exemplo, para que as empreiteiras passem a ser consideradas empresas americanas.

"Se tiver um escritório de representação, já estará sujeita à lei americana", diz Isabel.

Há ainda casos mais claros de enquadramento, como de empresas como a Odebrecht, que tem obras no país. Em outros, como o da Camargo Corrêa, a ligação é menos direta.

Alguns advogados dizem que o fato de o grupo ser acionista controlador da CPFL Energia, que possui ações negociadas na bolsa americana, já seria suficiente para que os Estados Unidos a considerassem sob sua jurisdição e portanto sujeita à lei.

Toda essa discussão, entretanto, teve início por um enquadramento clássico da lei que é o fato de a Petrobras possuir ações negociadas na Bolsa de Nova York.

Segundo algumas fontes, a decisão da empresa de contratar consultorias para fazer uma investigação própria, antes mesmo de ter sido citada formalmente, já se deu em razão de conversas com o Departamento de Justiça americano e da SEC, a comissão de valores mobiliários do país.

Pelas regras americanas, as empresas é que contratam os investigadores. Os funcionários do departamento acompanham passo a passo a investigação e, com base nela, decidem processar ou não a companhia e seus administradores. Na maior parte das vezes é feito um acordo para evitar o processo.

A vantagem é que, diferentemente da lei brasileira, não é necessário assumir culpa. Mas, além de pagar multas, é preciso se comprometer a melhorar as regras anticorrupção e é feito um monitoramento por pelo menos dois anos após o acordo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo – A empreiteira OAS deu preferência para o PT em suas doações para a campanha eleitoral de 2014. Já a Queiroz Galvão investiu mais no PMDB. A Galvão Engenharia, por sua vez, deu mais dinheiro para PSB e PP.   Os dados são de levantamento feito por EXAME.com, a partir da prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nas eleições de 2014 , os partidos políticos receberam nada menos que R$ 264 milhões em doações das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato , que apura esquema de corrupção envolvendo a Petrobras . A Operação Lava Jato investiga nove empreiteiras: Engevix, OAS, Queiroz Galvão, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Galvão Engenharia, Mendes Júnior e Iesa. Destas, sete fizeram doações para a campanha de 2014. Mendes Júnior e Iesa não doaram. Para ver quanto cada empreiteira doou para cada partido, clique na seta à direita na foto acima.
  • 2. OAS - R$ 80.126.630,00

    2 /8(REUTERS/Aly Song)

  • Veja também

    PartidoValor doado pela OAS
    PTR$ 33.226.000,00
    PMDBR$ 15.360.000,00
    PSDBR$ 12.000.000,00
    PSBR$ 4.750.000,00
    PPR$ 3.650.000,00
    DEMR$ 3.050.000,00
    PRR$ 3.050.000,00
    PSDR$ 2.150.000,00
    PTBR$ 700.630,00
    PC do BR$ 600.000,00
    PVR$ 600.000,00
    PTNR$ 590.000,00
    PDTR$ 400.000,00
    TotalR$ 80.126.630,00
  • 3. Queiroz Galvão - R$ 55.843.921,00

    3 /8(Divulgação)

  • PartidoValor doado pela Queiroz Galvão
    PMDBR$ 15.830.000,00
    PTR$ 15.100.000,00
    PSBR$ 3.995.000,00
    PSDBR$ 3.730.000,00
    PSDR$ 3.539.081,00
    PDTR$ 3.050.000,00
    PPR$ 2.900.000,00
    DEMR$ 2.750.000,00
    PRR$ 2.000.000,00
    PTBR$ 1.260.000,00
    PSCR$ 600.000,00
    PROSR$ 400.000,00
    SDR$ 400.000,00
    PPSR$ 200.000,00
    PRBR$ 80.000,00
    PRPR$ 6.000,00
    PSLR$ 3.840,00
    TotalR$ 55.843.921,00
  • 4. UTC - R$ 52.831.521,08

    4 /8(foto/Divulgação)

    PartidoValor doado pela UTC
    PTR$ 21.625.000,00
    PSDBR$ 9.080.000,00
    DEMR$ 4.765.000,00
    PMDBR$ 3.900.000,00
    PC do BR$ 3.040.015,08
    PRR$ 2.550.000,00
    PDTR$ 1.600.000,00
    PRTBR$ 1.453.000,00
    SDR$ 1.400.000,00
    PPR$ 875.000,00
    PSBR$ 750.000,00
    PSDR$ 700.000,00
    PMNR$ 602.050,00
    PPSR$ 150.000,00
    PRBR$ 125.000,00
    PSCR$ 100.455,00
    PENR$ 50.000,00
    PVR$ 50.000,00
    PTBR$ 15.000,00
    PT do BR$ 1.001,00
    TotalR$ 52.831.521,08
  • 5. Odebrecht - R$ 48.278.100,00

    5 /8(jbdodane/Flickr/Creative Commons)

    PartidoValor doado pela Odebrecht
    PMDBR$ 15.290.000,00
    PTR$ 9.495.000,00
    PSDBR$ 9.090.000,00
    DEMR$ 4.440.000,00
    PSBR$ 3.210.000,00
    SDR$ 1.330.000,00
    PTBR$ 703.100,00
    PPR$ 690.000,00
    PSDR$ 630.000,00
    PRBR$ 600.000,00
    PSCR$ 530.000,00
    PPSR$ 400.000,00
    PRR$ 370.000,00
    PROSR$ 300.000,00
    PVR$ 290.000,00
    PC do BR$ 230.000,00
    PT do BR$ 220.000,00
    PDTR$ 200.000,00
    PTNR$ 100.000,00
    PHSR$ 60.000,00
    PTCR$ 50.000,00
    PRPR$ 30.000,00
    PSLR$ 20.000,00
    TotalR$ 48.278.100,00
  • 6. Galvão Engenharia - R$ 15.882.300,00

    6 /8(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    PartidoValor doado pela Galvão Engenharia
    PSBR$ 4.450.000,00
    PPR$ 4.080.000,00
    PTR$ 2.800.000,00
    PMDBR$ 1.140.000,00
    PENR$ 1.050.300,00
    PROSR$ 640.000,00
    PT do BR$ 402.000,00
    PTBR$ 250.000,00
    PSDR$ 200.000,00
    PC do BR$ 170.000,00
    PSLR$ 150.000,00
    PRR$ 50.000,00
    PSDBR$ 500.000,00
    TotalR$ 15.882.300,00
  • 7. Engevix - R$ 7.925.000,00

    7 /8(Divulgação/ Engevix)

    PartidoValor doado pela Engevix
    PTR$ 5.825.000,00
    PSDBR$ 260.000,00
    PSBR$ 240.000,00
    PDTR$ 225.000,00
    PSLR$ 200.000,00
    PTCR$ 200.000,00
    PVR$ 200.000,00
    PPR$ 160.000,00
    PTBR$ 150.000,00
    PROSR$ 50.000,00
    PSDR$ 50.000,00
    PMDBR$ 40.000,00
    PPLR$ 25.000,00
    PRR$ 300.000,00
    TotalR$ 7.925.000,00
  • 8. Camargo Corrêa - R$ 3.500.000,00

    8 /8(Germano Lüders/EXAME)

    PartidoValor doado pela Camargo Corrêa
    PTR$ 2.000.000,00
    DEMR$ 1.500.000,00
    TotalR$ 3.500.000,00
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