Lula: o petista é acusado de receber vantagens indevidas que incluiriam um terreno de R$ 12,5 milhões e uma cobertura de R$ 504 mil (Leonardo Benassatto/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 17h29.
São Paulo - O Ministério Público Federal informou ao juiz Sérgio Moro que extraiu os documentos solicitados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "diretamente de cópia dos discos rígidos" ligados ao sistema Drousys, fornecidos pela Odebrecht.
Os advogados do petista haviam pedido os originais de uma documentação anexada à ação sobre supostas propinas do Grupo para o ex-presidente, na Operação Lava Jato.
O Drousys é o sistema de comunicação secreto do setor de propinas da empreiteira. A Odebrecht fechou acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República - 77 executivos da empreiteira fizeram delação premiada.
"Informa o Ministério Público Federal que os documentos, como já exposto por diversas vezes, foram extraídos diretamente de cópia dos discos rígidos relacionados ao sistema 'Drousys', fornecidos pela Odebrecht S/A., que se encontravam armazenados em servidor localizado na Suécia", afirmou a Procuradoria da República.
Nesta ação penal, Lula é acusado de receber vantagens indevidas que incluiriam um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e uma cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo de R$ 504 mil.
A defesa de Lula questionou três documentos anexados ao processo e pediu "realização de exames grafoscópico e documentoscópico".
Os advogados contestaram uma ordem de pagamento que teria duas versões, "uma, com apenas uma assinatura e outro com duas assinaturas".
Os defensores querem saber se "os documentos contestados são os mesmos e se há uma versão do documento com apenas uma assinatura e outro com duas assinaturas".
Um papel com anotações manuscritas também foi alvo da defesa de Lula, que apontou a existência de "dois tipos de caligrafia" no documento. "São anotações a tinta e, aparentemente uma a lápis, efetuadas com dois tipos de caligrafia, que não tiveram os autores identificados", relatam os defensores.
Os criminalistas querem saber se "a inscrição 'P. Melo' foi inserida posteriormente às anotações em tinta azul, em que momento foi realizada a inserção da inscrição 'P. Melo' e ainda se o sr. Paulo Melo subscreveu esse documento".
O terceiro documento na mira dos defensores do petista é um e-mail com "inscrições manuscritas" apresentado por Marcelo Odebrecht.
"Constata-se que foram juntados, por Marcelo Odebrecht, diversos documentos com anotações e grifos. Não é possível aceitar que documentos desta natureza sejam agregados aos autos sem que se verifique, criteriosa e cuidadosamente, sua idoneidade", contesta a defesa.