Julho poderá ter feriado nacional para desfiles de carnaval em todo o país
Realização da folia, no entanto, está condicionada à disponibilização de uma vacina contra a covid-19
Agência O Globo
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 19h57.
Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 21h18.
A pandemia do novo coronavírus pode levar à criação de novos feriados nacionais em 9 e 12 de julho do ano que vem para a realizaçao de desfiles de carnaval pelo país. A proposta foi protocolada pelo deputado Luizinho (PP - RJ). O presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio (Liesa), Jorge Castanheira, anunciou que as agremiações estão dispostas a realizar o evento nesse período, condicionado à vacina contra a Covid-19 já estar entre nós.
— O deputado federal Luizinho, que preside a comissão de acompanhamento do novo coronavírus, esteve na semana passada na Liga e deu um parecer para poder criar um projeto de lei a nível nacional para que todas as capitais e cidades se reunissem para não atrapalhar as festas regionais como São João, além das Olimpíadas, que vão acontecer na segunda semana de julho. Ficou acertado os dias 9, 10 11 e 12 de julho se a vacina já tiver sido aplicada. É uma situação inédita, mas necessária. Em São Paulo já é feriado no dia 9 de julho (pela Revolução Constitucionalista de 1932).
A retomada das atividades nos barracões também seguirá regras rígidas de prevenção ao contágio pelo vírus. Máscaras, uso de álcool em gel e distanciamento social serão obrigatórios e monitorados.
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— Agora, o trabalho no barracão será como em qualquer fábrica. Todas as fábricas do Brasil estão trabalhando. Todos os escritórios do Brasil estão trabalhando. Os barracões das escolas seguirão um protocolo rigoroso. O carnaval tem que estar pronto no início do mês de julho. Nós, trabalhadores do carnaval, festejamos a retomada da renda. Para que a comida volte à mesa de trabalhadores do carnaval. Estamos falando de carpinteiros, ferreiros, costureiras, aderecistas, bordadeiras, pintores, que sequer foram contratados. Isso naturalmente causa uma apreensão — contou o carnavalesco da Estação Primeira de Mangueira, Leandro Vieira, única escola de samba que ainda nem enredo tem.
Outra novidade neste carnaval atípico será a forma da escolha dos sambas enredos, que será através de lives:
— A Lei Aldir Blanc tem entre suas modalidades contemplar eventos virtuais dentro do contexto da pandemia. Então, todas as escolas de samba se prontificaram a escolher os seus sambas enredos de forma virtual. Através de uma live, mas as elas aguardam a confirmação da aprovação na lei. O que é feito tradicionalmente nas quadros nos fim de semana agora será transmitido para o público através de lives. A expectativa é que seja transmitido pela internet para todo mundo e que isso seja feito ao longo do mês de janeiro. E a final que escolherá o samba-enredo oficial será em fevereiro, no período quando aconteceria o carnaval oficial. Que é para preencher essa lacuna. Qualquer pessoa agora pode concorrer na Mangueira. As escolas irão colocar na disputa das sambas 120 obras. E isso é bom para mostrar para o público o quanto é grandiosa a produção artística do carnaval carioca — explicou Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira.
Luiz Carlos Magalhães, presidente da Portela, disse que as escolas estão no vácuo entre as eleições municipais e a definição sobre quem será o governador.
— Está tudo muito recente. Porque não tem dinheiro. Não foi falado nada em dinheiro. Foi acertado que o carnaval vai ser em julho, quando se espera que a vacina já esteja aplicada e o prefeito já esteja sentado na sua cadeira e a questão do estado já esteja definida. A prefeitura diz que vai ajudar. O prefeito ainda nem entrou e o governador saiu. A gente está no vácuo. Agora, está todo mundo esperançoso que em julho isso vai estar definido e aí é correr atrás de patrocínio — comentou o presidente do agremiação. - Em condições normais os barracões deveriam começar a funcionar no início do ano. Inocência achar que as decorrências desse ano vão ser normais.
Jorge Castanheira disse que o Governo do Estado já se manifestou em oferecer financiamento atraves da lei de incentivo ao ICMS.
— Sem subvenção. Teremos a lei de incentivo ao ICMS e a venda de ingressos, o direito de transmissão televisão e projetos incentivados — espera.
O presidente da São Clemente, Renatinho, está ansioso para saber quem será eleito prefeito do Rio. Ele reclama de falta de verba até mesmo para reabrir o barracão da escola.
— Mudou tudo nas reuniões. Vamos nessa. Estou preparado para tudo, para coisas boas. Eles querem lançar agora, vamos embora juntar as forças. Vou fazer uma mudança e vamos fazer uma escolha de samba. E escolher os 12 melhores. Não quero fazer abertamente é muito complicado. A gente não sabe explicar. Não pode 2000 pessoas, não pode 3000, então o que que pode ser? É preciso ter uma definição de qual vai ser o prefeito. Se for um vai ser uma coisa, se for outro, vai ser outra. Não tem verba nenhuma. Ainda quero abrir meu barracão mas eu não tenho nenhum tostão, não tem verba nenhuma. Tem muita gente envolvida com o carnaval e o ser humano é o mais importante para mim — disse Renato Almeida Gomes, o Renatinho.
Através de nota, a Riotur informou que aguarda a formalização do posicionamento da Liesa para começar a viabilizar a organização da festa, mas também condiciona as ações à vacina.
"Todos os atores diretamente envolvidos no carnaval estão em constante contato buscando alternativas para o evento. No momento, a ideia para a realização do mesmo em meados de 2021 é de fato uma possibilidade. Porém, apenas se houver uma vacina disponível para a população.
A Riotur aguarda a formalização desta posição da Liga Independente das Escolas de Samba para encaminhar aos trâmites internos, incluindo o Gabinete Científico".