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Jucá coordenava negociações com PMDB no Senado, diz Odebrecht

O empresário narrou que ouviu do ex-executivo Cláudio Melo Filho que "acertando com Jucá, está resolvido o partido do Senado"

Romero Jucá: segundo o empresário, o executivo da empreiteira Cláudio Melo Filho dizia que todos interesses financeiros de campanhas do PMDB eram coordenados pelo Jucá (AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

Romero Jucá: segundo o empresário, o executivo da empreiteira Cláudio Melo Filho dizia que todos interesses financeiros de campanhas do PMDB eram coordenados pelo Jucá (AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de abril de 2017 às 22h08.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht detalhou em delação premiada à Procuradoria-Geral da República a estrutura de arrecadação do PMDB e a relação com o grupo que presidiu até ser preso, em junho de 2015.

Segundo Marcelo Odebrecht, quem fazia a relação com o Congresso era o executivo da empreiteira Cláudio Melo Filho.

"A relação com o PMDB no Congresso, com os principais caciques do PMDB no Congresso, se dava através de Claudio Melo. Eu acho que além do Cláudio, todas as reuniões tanto comigo quanto com os outros eram bem protocolares. Eu nunca tive nenhuma reunião com eles que não fosse protocolar", relatou.

"O que a gente sabia, que Cláudio sempre dizia para a gente é que no Senado a pessoa que ele sempre se referia era o Jucá. O Jucá era quem coordenava o PMDB no Senado. O que Cláudio falava para a gente era que todos interesses financeiros de campanha do Renan, do Eunício, todo resto do PMDB, eram coordenados pelo Jucá. O que facilitava muito no nosso modo de ver."

Segundo o delator, "na Câmara tinha a questão do Eliseu Padilha que coordenava um grupo, mas era um pouco mais difuso, porque tinha o Eduardo Cunha".

"No caso de Eduardo Cunha, especificamente, a relação mais forte não era do Cláudio. O Eduardo Cunha, a relação mais forte era com vários empresários", afirmou.

Marcelo Odebrecht narrou o que ouviu de Cláudio Melo. "Eu acerto com Jucá, tá resolvido o PMDB do Senado. Acerto com Eliseu Padilha, está resolvido o PMDB da Câmara."

O empreiteiro-delator apontou à Lava Jato que o ex-secretário da Presidência Geddel Vieira Lima (PMDB) como um "cara que briga pela gente".

"Uma pessoa que ele sempre usou como referência era o Geddel. Geddel era um cara da relação antiga dele e de meu pai. Conheço Geddel de maneira protocolar. Eles sempre diziam: Geddel é um cara que briga pela gente. Qualquer coisa que você pede lá, Geddel vai, se desgasta, faz e acontece. Agora, se prepare, porque ele vai criar uma expectativa em época de eleição aquém do que a gente daria para qualquer outro deputado. Muito além", afirmou. "Você concentra o esforço em alguns deputados e cria expectativa."

Defesa

Em nota divulgada nesta terça-feira, 11, o senador Romero Jucá afirmou:

"Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação. Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas".

A defesa do ministro ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), representada pelo criminalista Daniel Gerber, afirma "que todo e qualquer conteúdo de investigações será debatido exclusivamente dentro dos autos."

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