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Irregularidades na Lava Jato podem levar a anulação, diz MDA

Diretor-presidente do Movimento de Defesa da Advocacia disse que a entidade detectou irregularidades na Operação Lava Jato que podem levar a pedido de anulação


	Sérgio Moro, juiz federal: segundo a MDA, um desses aspectos é o comportamento de Moro, que foge do padrão usual
 (Gil Ferreira/ Agência CNJ)

Sérgio Moro, juiz federal: segundo a MDA, um desses aspectos é o comportamento de Moro, que foge do padrão usual (Gil Ferreira/ Agência CNJ)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 20h13.

São Paulo - O diretor-presidente do Movimento de Defesa da Advocacia (MDA), Marcelo Knopfelmacher, afirmou, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a entidade detectou irregularidades cometidas durante a Operação Lava Jato que podem, no futuro, servir de argumento para um eventual pedido de anulação.

Segundo ele, um desses aspectos é o comportamento do juiz responsável (Sérgio Moro), que foge do padrão usual.

"As reclamações que recebemos são de que ele estaria exercendo um ativismo muito além do normal, quando na verdade o juiz deve exercer suas atividades por provocação e não assumindo uma das partes, um dos lados do processo."

Knopfelmacher teme que uma eventual anulação da operação que investiga o desvio de recursos da Petrobras impeça mais uma vez que a justiça real não seja feita "por conta de aspectos meramente formais".

Ele destaca que o MDA tem consciência do que a operação representa em termos de averiguação e de combate à corrupção no Brasil. "E isso (as irregularidades do processo) nos causa preocupação porque queremos a averiguação dos fatos e a punição rigorosa dos responsáveis (pelos atos ilícitos na Petrobras)."

A maioria dos advogados que atua na Lava Jato compõe o conselho da entidade - o total é de 66 conselheiros. Por essa razão, segundo ele, a entidade tem conhecimento das reclamações.

Outro aspecto citado por Knopfelmacher, nesse contexto, é o tempo de encarceramento dos donos de empreiteiras - eles foram presos em novembro do ano passado - e a possível relação disso com a chamada delação premiada.

Ele argumenta que é vigente no Brasil o princípio da inocência, de maneira que a regra aqui estabelece que só haja prisão desde que tenha acontecido trânsito em julgado. "Muitas dessas prisões parecem coações para se obter confissão de culpa, isso é lamentável", diz, reiterando que, mesmo com esse reconhecimento, a entidade não deixa de clamar pela total averiguação dos fatos e punição.

O MDA foi criado em 2003 para combater as invasões da Polícia Federal aos escritórios de advocacia, o que contribuiu para a criação de duas portarias do Ministério da Justiça que disciplinaram a matéria.

Depois, uma alteração no próprio estatuto da advocacia detalhou como exatamente poderiam ser feitas essas invasões sem violar o sigilo profissional.

Knopfelmacher disse também que o MDA tem uma ação institucional, do direito de defesa, mostrando falhas e fiscalizando casos de abusos, como escutas telefônicas realizadas de maneira irregular. Quando isso ocorre, a entidade, que é privada e sem fins lucrativos, leva o caso ao conhecimento das autoridades.

Barbosa

Indagado sobre a polêmica envolvendo o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que pediu em sua conta no Twitter a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, porque ele recebeu advogados que atuam na defesa de empreiteiros na Operação Lava Jato, Knopfelmacher diz que o posicionamento do ministro está dentro da normalidade.

"Dentro do estatuto da advocacia tem um decreto do ano de 2002 que regula todas audiências por parte de autoridades do Estado e do ministro da Justiça. Da ótica da advocacia, tudo aconteceu de maneira regular, não houve nenhuma ilicitude."

Ele disse que causou estranheza o fato de Barbosa, quando era juiz da causa, não receber advogados e, agora, sugerir que estes profissionais sejam recebidos por um juiz e não pelo ministro da pasta.

" Ele argumentou ainda que, se existem abusos - "de fato há uma série de relatos de abusos (cometidos ao longo da Operação Lava Jato)" -, é natural que se procure o chefe da Polícia Federal, que é o ministro da Justiça, para que esses abusos sejam relatados e corrigidos.

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