Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens do governo Bolsonaro, Mauro Cid (Roberto Oliveira/Alesp/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 11 de agosto de 2023 às 13h29.
Última atualização em 11 de agosto de 2023 às 13h35.
A Polícia Federal (PF) abriu uma operação na manhã desta sexta-feira, 11, para investigar suposto grupo que teria vendido bens entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais. Entre os alvos da ofensiva está o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A investigação aponta que o general tinha consigo US$ 25 mil em espécie que seriam do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em mensagens, Cid discute com outro auxiliar de Bolsonaro, Marcelo Costa Câmara, como seria a melhor forma de entregar o dinheiro ao ex-presidente. Para Cid, seria melhor evitar utilizar contas bancárias.
"Tem US$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ [dinheiro vivo] aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente (...) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (...). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (...)", disse Cid na mensagem, de 18 de janeiro deste ano, apreendida pela PF.
Para os investigadores, a fala mostra que "Mauro Cid deixa evidenciado o receio de utilizar o sistema bancário formal para repassar o dinheiro ao ex-presidente e então sugere entregar os recursos em espécie, por meio de seu pai".
Segundo a investigação, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid continua a conversa com Câmara explicando que tentou vender esculturas recebidas por Bolsonaro durante uma viagem oficial ao Oriente Médio, mas não teve sucesso porque elas não eram de ouro.
"Aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (...) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver quanto pode ofertar (...) eu preciso deixar a peça lá (...) para ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (...)", diz Cid na mensagem, segundo a transcrição da PF.
Em seguida, na mesma mensagem, Cid relata a Câmara o procedimento de venda, por meio de leilão, de um kit que conteria um relógio. "O relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai para o dia sete de fevereiro, vai para leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar (...)", disse o ex-ajudante de ordens. Câmara, então, respondeu ao colega, retomando o assunto inicial dos US$ 25 mil: "Melhor trazer em cash".