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Indignados, alguns brasileiros vão torcer contra a seleção

A duas semanas do início do Mundial, tensões estão em alta devido aos custos do evento que durará um mês

torcedor agita bandeira do Brasil: contra o Brasil é um enorme contraste com a típica caricatura do torcedor (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2014 às 10h46.

São Paulo - Milhões de brasileiros irão torcer como loucos durante a Copa do Mundo , mas nem todos pelo Brasil.

A duas semanas do início do Mundial e com as tensões em alta devido aos custos do evento que durará um mês, alguns estão demonstrando a sua revolta dizendo que irão torcer contra a seleção brasileira , talvez o símbolo de maior destaque do país na arena internacional.

“Nunca antes a Copa provocou estes sentimentos de ódio entre os brasileiros”, disse o cineasta e comentarista esportivo Ugo Giorgetti. “Tem gente que ama futebol, ama o Brasil, mas está torcendo contra a seleção como nunca fez antes”.

Esse coro contra o Brasil é um enorme contraste com a típica caricatura do torcedor de rosto pintado de verde e amarelo, cantando e gritando pela sua seleção ao som de tambores de escola de samba.

“Estou torcendo pela Holanda”, disse Marco Silva, consultor de 33 anos do subúrbio do Rio de Janeiro. “Se o Brasil for campeão, toda a corrupção relacionada ao torneio vai ser esquecida. O país não irá acordar”.

A maioria dos brasileiros, de fato, irá cerrar fileiras com a seleção, que busca um inédito sexto título mundial, mas o governo teme que os críticos ocupem as ruas aos milhares e prejudiquem a imagem do país.

Nesta semana, manifestantes revoltados deram socos e pontapés no ônibus que levava os jogadores da seleção do Rio de Janeiro para a Granja Comary, na cidade fluminense de Teresópolis, o centro de treinamento da equipe.

Os críticos dizem que a Copa do Mundo, com seus estádios superfaturados, projetos de infraestrutura atrasados ou não entregues e o potencial constrangimento com os problemas de organização, fez mais mal do que bem ao desviar fundos de programas sociais e projetos de investimento mais importantes.

Para eles, uma eliminação precoce do Brasil no Mundial ajudaria o país a voltar a se concentrar nas necessidades mais prementes e, talvez, até ensejaria mudanças políticas.

“Eu e muitas pessoas que conheço estamos torcendo para que o Brasil seja eliminado logo, embora nem todos sejam sinceros a esse respeito”, afirmou Edson Alves, químico de 52 anos fanático por futebol. “É triste, mas neste momento estou pensando mais no Brasil país, não no Brasil seleção de futebol”.

Alves, como muitos que estão torcendo contra a seleção nas mídias sociais, é crítico feroz da presidente Dilma Rousseff, que apresentou a Copa como uma oportunidade de ouro de exibir um Brasil moderno. Ele torce para que uma derrota na competição enfraqueça o apoio a Dilma antes da sua campanha de reeleição em outubro.

Política e futebol

Embora a história recente mostre pouca correlação entre um título da Copa do Mundo e uma vitória eleitoral, poucos brasileiros estão convencidos disso.

Em 1970, durante o período mais sangrento da ditadura militar de 1964 a 1985, o general Emilio Medici desfrutou de uma onda de popularidade, já que a seleção brasileira, liderada por Pelé e amplamente considerada a melhor da história, trouxe para casa um terceiro título da Copa do Mundo.

Ativistas pró-democracia na época exortaram os brasileiros a se voltar contra a seleção, mas a maioria estava muito encantada com o "jogo bonito" dos seus heróis.

A seleção brasileira é, talvez, o time de futebol mais popular do mundo, associada a uma lista de lendas como Pelé, Ronaldo, Zico, Sócrates, Romário e agora Neymar.

Muitos brasileiros, no entanto, tendem a ter uma atitude mais fria em relação à camisa amarela e verde.

Parte disso é devido a uma ligação mais fraca hoje em dia entre torcedores e jogadores, a maioria dos quais joga em clubes na Europa ou até mesmo mais longe. Enquanto todos os jogadores da seleção de 1970 joagava no Brasil, apenas quatro do atual elenco atuam no país.

Ainda assim, a Copa do Mundo acontece apenas uma vez a cada quatro anos e, se a Copa das Confederações do ano passado servir de indicativo, as atitudes podem mudar caso a seleção dê um show nos campos O torneio, organizado no Brasil como um teste para a Copa do Mundo, foi marcado pelos maiores protestos de rua no país em décadas.

Apesar do tumulto, a maioria dos brasileiros ficou do lado da seleção na luta pelo título.

A história mais distante indica que o “ódio do Brasil” pode só durar até a bola começar a rolar.

“Meus amigos estavam entre aqueles que pediram para os outros torcerem contra o Brasil em 1970", lembra Giorgetti. “Ninguém resistiu os primeiros 15 minutos."

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“Nunca antes a Copa provocou estes sentimentos de ódio entre os brasileiros”, disse o cineasta e comentarista esportivo Ugo Giorgetti. “Tem gente que ama futebol, ama o Brasil, mas está torcendo contra a seleção como nunca fez antes”.

Esse coro contra o Brasil é um enorme contraste com a típica caricatura do torcedor de rosto pintado de verde e amarelo, cantando e gritando pela sua seleção ao som de tambores de escola de samba.

“Estou torcendo pela Holanda”, disse Marco Silva, consultor de 33 anos do subúrbio do Rio de Janeiro. “Se o Brasil for campeão, toda a corrupção relacionada ao torneio vai ser esquecida. O país não irá acordar”.

A maioria dos brasileiros, de fato, irá cerrar fileiras com a seleção, que busca um inédito sexto título mundial, mas o governo teme que os críticos ocupem as ruas aos milhares e prejudiquem a imagem do país.

Nesta semana, manifestantes revoltados deram socos e pontapés no ônibus que levava os jogadores da seleção do Rio de Janeiro para a Granja Comary, na cidade fluminense de Teresópolis, o centro de treinamento da equipe.

Os críticos dizem que a Copa do Mundo, com seus estádios superfaturados, projetos de infraestrutura atrasados ou não entregues e o potencial constrangimento com os problemas de organização, fez mais mal do que bem ao desviar fundos de programas sociais e projetos de investimento mais importantes.

Para eles, uma eliminação precoce do Brasil no Mundial ajudaria o país a voltar a se concentrar nas necessidades mais prementes e, talvez, até ensejaria mudanças políticas.

“Eu e muitas pessoas que conheço estamos torcendo para que o Brasil seja eliminado logo, embora nem todos sejam sinceros a esse respeito”, afirmou Edson Alves, químico de 52 anos fanático por futebol. “É triste, mas neste momento estou pensando mais no Brasil país, não no Brasil seleção de futebol”.

Alves, como muitos que estão torcendo contra a seleção nas mídias sociais, é crítico feroz da presidente Dilma Rousseff, que apresentou a Copa como uma oportunidade de ouro de exibir um Brasil moderno. Ele torce para que uma derrota na competição enfraqueça o apoio a Dilma antes da sua campanha de reeleição em outubro.

Política e futebol

Embora a história recente mostre pouca correlação entre um título da Copa do Mundo e uma vitória eleitoral, poucos brasileiros estão convencidos disso.

Em 1970, durante o período mais sangrento da ditadura militar de 1964 a 1985, o general Emilio Medici desfrutou de uma onda de popularidade, já que a seleção brasileira, liderada por Pelé e amplamente considerada a melhor da história, trouxe para casa um terceiro título da Copa do Mundo.

Ativistas pró-democracia na época exortaram os brasileiros a se voltar contra a seleção, mas a maioria estava muito encantada com o "jogo bonito" dos seus heróis.

A seleção brasileira é, talvez, o time de futebol mais popular do mundo, associada a uma lista de lendas como Pelé, Ronaldo, Zico, Sócrates, Romário e agora Neymar.

Muitos brasileiros, no entanto, tendem a ter uma atitude mais fria em relação à camisa amarela e verde.

Parte disso é devido a uma ligação mais fraca hoje em dia entre torcedores e jogadores, a maioria dos quais joga em clubes na Europa ou até mesmo mais longe. Enquanto todos os jogadores da seleção de 1970 joagava no Brasil, apenas quatro do atual elenco atuam no país.

Ainda assim, a Copa do Mundo acontece apenas uma vez a cada quatro anos e, se a Copa das Confederações do ano passado servir de indicativo, as atitudes podem mudar caso a seleção dê um show nos campos O torneio, organizado no Brasil como um teste para a Copa do Mundo, foi marcado pelos maiores protestos de rua no país em décadas.

Apesar do tumulto, a maioria dos brasileiros ficou do lado da seleção na luta pelo título.

A história mais distante indica que o “ódio do Brasil” pode só durar até a bola começar a rolar.

“Meus amigos estavam entre aqueles que pediram para os outros torcerem contra o Brasil em 1970", lembra Giorgetti. “Ninguém resistiu os primeiros 15 minutos."

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