Dados mostram se incerteza e desemprego foram abalados com coronavírus
Divulgações do Índice da Incerteza da Economia, da FGV, e PNAD contínua, no IBGE, estão na agenda do dia. Dados podem ter sido afetados por crise global
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 06h43.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2020 às 07h18.
São Paulo — A proliferação do coronavírus pelo mundo, incluindo o primeiro caso identificado no Brasil, deve trazer mais efeitos negativos para a economia brasileira . E dois indicadores que serão divulgados nesta sexta, 28, podem já mostrar indícios de que os resultados de 2020 podem vir bem diferentes do que os esperados por economistas ainda em janeiro: o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e a Pnad contínua, com a taxa de desemprego do país no trimestre encerrado em janeiro.
É bom lembrar que o histórico recente dos indicadores não é dos mais positivos. No mês passado, o IIE-Br cresceu 0,5 ponto e chegou a 112,9 pontos em uma escala de 0 a 200. Isso quer dizer que a incerteza está em um nível historicamente elevado, segundo a FGV, que é quando ultrapassa os 110 pontos.
Não é à toa, portanto, que diversos índices econômicos começam a ter a previsões puxadas para baixo. Nesta quinta, 27, dois bancos americanos reduziram a projeção de crescimento do Brasil para 2020.
Enquanto o Bank of America Merril Lynch reduziu a expansão de 2,2% para 1,9%, o JP Morgan aposta em uma aceleração de 1,8%, ante 1,9% da antiga projeção. O último Boletim Focus prevê um crescimento de 2,2%, e se encontra em viés de queda.
Entre as principais justificativas estão os efeitos do coronavírus. O próprio secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, também afirmou na quinta-feira que o PIB deve sofrer algum efeito negativo. Logo, especialistas não aguardam uma reação tão rápida da taxa de desemprego. No trimestre encerrado em dezembro, últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), a taxa de desemprego recuou para 11%.
O problema, no entanto, ficou no indicativo de alta da informalidade. A soma de trabalhadores sem carteira assinada atingiu 41% da população ocupada. Trata-se do maior número desde 2016. Isso resulta em menos segurança de renda para os trabalhadores e em bilhões de reais em impostos a menos que serão arrecadados pela União. Entre coronavírus e as incertezas particulares da economia brasileira nos últimos meses, os resultados de hoje podem se provar pouco animadores.