Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM) (Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 18h06.
São Paulo - O Instituto Médico Legal (IML) de Manaus deverá receber um contêiner frigorífico para auxiliar as atividades de necrópsia após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na madrugada desta segunda-feira, 2.
A briga entre as facções Família do Norte e o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou 60 mortos, muitos decapitados e esquartejados.
Como o IML local só tem capacidade para refrigerar 20 corpos, o contêiner deverá ajudar a manter os demais conservados para cerimônias de velório e sepultamento pelas famílias das vítimas.
De acordo com o secretário de segurança do Amazonas, Sérgio Fontes, a estimativa é que os trabalhos no IML levem até cinco dias para serem concluídos.
"Temos apenas 20 gavetas no IML e temos 60 mortos. Vamos precisar alojar os outros 40 em algum lugar com o minimo de dignidade para que possam ser identificados e seja feitam os exames de necrópsia. Para isso, vamos usar um caminhão frigorífico", disse em entrevista na tarde desta segunda em Manaus.
O secretário atribuiu a disputa das facções ao narcotráfico. "Esse para mim é mais um capítulo da guerra silenciosa que o narcotráfico jogou esse país. Nós, desde o tempo em que estava na Polícia Federal, nos meus 20 e poucos anos de polícia, sempre soubemos que o Brasil está numa guerra cada vez mais impiedosa. Vivenciamos ontem mais um capítulo", acrescentou.
Diante do massacre, Fontes pediu uma mobilização nacional em torno do assunto. "Esperamos que esse capítulo de hoje e de ontem possa ter nos ensinado algo, que não basta deixar isso para cada Estado resolver por sua conta e risco. O que acontece no Amazonas repercute no Ceará, que a droga passa por aqui. Nenhuma medida conjuntural que a gente possa implementar agora é tão importante quanto uma união nacional para combater o narcotráfico", disse.
Ele relembrou episódios do Presídio de Pedrinhas, no Maranhão, além de casos do último ano em Porto Velho e Boa Vista.
"Volto a dizer: há uma guerra silenciosa que o Estado tem que intervir, é a guerra do narcotráfico. Estamos vendo o que vimos hoje: uma facção brigando com a outra. Por quê? Por que as siglas são diferentes? Não, porque cada uma quer ganhar mais dinheiro do que a outra. A briga é por dinheiro, por espaço", completou.
O secretário destacou que os órgãos de segurança deverão investigar o caso, com instauração de inquérito, para penalizar os autores dos assassinatos, também reforçando a segurança nas unidades prisionais visando a manter a ordem.
Os presos foram mortos pelos próprios internos do Compaj, em um confronto de extrema violência que durou cerca de 15 horas.