Papéis: "É uma pesquisa que ainda está nascendo, ela não pode já nascer sob o peso de contestações", avaliou presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Dreamstime)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2014 às 16h46.
Rio - A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, afirmou nesta sexta-feira, 11, que não há possibilidade de voltar atrás na decisão de suspender as divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), mesmo diante da ameaça de debandada de 18 coordenadores e gerentes responsáveis por indicadores importantes, como o IPCA e a taxa de desemprego no país.
"Essa decisão não foi de vontade, foi uma reação ao fato de termos descoberto que a lei que achávamos que tínhamos até janeiro de 2016 para atender descobrimos agora muito recentemente que teremos que atender em janeiro de 2015. Ou seja, nos foi tirado um ano de trabalho do nosso cronograma", apontou Wasmália.
Wasmália e mais cinco entre os oito membros do conselho do IBGE consideraram que seria arriscado mobilizar o corpo técnico para as divulgações da PNAD Contínua até o fim do ano em vez de concentrar o foco na reformulação metodológica que permita gerar um resultado mais preciso sobre a renda domiciliar per capita nas Unidades da Federação.
As duas integrantes do conselho que discordaram da decisão pediram exoneração de seus cargos: Marcia Quintslr, diretora de Pesquisas do IBGE, e Denise Britz do Nascimento Silva, coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence).
"É uma pesquisa que ainda está nascendo, ela não pode já nascer sob o peso de contestações", avaliou Wasmália.
A presidente do IBGE refere-se às exigências previstas da Lei Complementar nº 143/2013, que determina que a renda per capita domiciliar levantada pelo instituto seja utilizada como base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados.
Wasmália chamou atenção para o fato de que o dado precisa ser anual (e não apenas pontual, referente a um mês no ano, como ocorre na PNAD convencional), com informações já em janeiro de 2015.
"Junto com isso veio uma demanda que consideramos pertinente que é questão da equalização dos intervalos da amostra entre os Estados, porque se isso não acontecer vai ocorrer que os Estados vão contestar essas estimativas", lembrou a presidente.
A próxima divulgação da PNAD Contínua, que estava prevista para o dia 3 de junho, foi cancelada. A pesquisa só voltará a ser divulgada em 6 de janeiro de 2015.