Auditoria apontou sobrepreço de R$ 47 milhões nos editais e risco de pagamento indevido de R$ 69 milhões (Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2015 às 16h52.
São Paulo - O prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) disse neste sábado, 1º, que os problemas apontados pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) para suspender pela terceira vez as licitações de construção dos corredores de ônibus na capital são "superáveis".
Auditoria da Corte apontou sobrepreço de ao menos R$ 47 milhões nos editais relançados há 15 dias e risco de pagamento indevido de R$ 69 milhões.
Haddad disse que na sexta-feira, 31, quando a suspensão foi publicada no Diário Oficial da Cidade, entrou em contato com o conselheiro e marcou uma reunião para a próxima segunda-feira, 3, para prestar esclarecimentos.
"Eu até estranhei [a suspensão] e liguei para o conselheiro e perguntei se era alguma coisa insuperável. Ele me disse que não, que são só alguns esclarecimentos, que talvez a gente tenha que fazer um ajuste ou outro no edital, mas nós entendemos que é tecnicamente superável", afirmou Haddad, durante visita do programa "Prefeitura no Bairro", na Casa Verde.
Haddad disse estranhar que tenha sido apontado sobrepreço nas licitações, já que, segundo ele, as licitações da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) têm conseguido em média descontos de 20% no preço de tabela.
Com o novo questionamento do TCM, as obras continuam sem data de início nem término. A suspensão atinge três corredores, que somam 44,4 quilômetros de extensão e têm custo estimado em R$ 1,2 bilhão.
Em um deles, com obras exclusivamente na zona leste da cidade, estão previstos dois trechos do Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus, de 18,2 km, um trecho do Corredor Radial Leste, de 9,6 km, e ainda um terminal de ônibus em São Mateus.
Na outra licitação, as obras seriam de interligação entre as zonas sul e leste: dois trechos do Corredor Perimetral Bandeirantes/Salim Farah Maluf, com extensão de 16,6 km.
Falhas
Em despacho, o conselheiro João Antonio, ex-vereador pelo PT e que já foi secretário de Relações Institucionais de Haddad, determina a suspensão dos certames e dá prazo de dez dias para que a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) se manifeste sobre os questionamentos feitos pela auditoria da Corte.
Além dos pagamentos irregulares, decorrentes de supostas divergências encontradas pelo TCM nas tabelas de orçamento da Prefeitura, o órgão questiona outros itens de ordem formal, como falta de documentos anexos e divergências de data-base para coleta de preços de referência. O recebimento das propostas de empreiteiras ocorreria no dia 6 de agosto.
Entre os itens em que foram encontrados sobrepreço, o despacho diz que R$ 2,7 milhões eram decorrentes de uma remuneração maior do que o estabelecido pelo Tribunal de Contas da União para o administrador local. Além disso, havia orçamento com excesso de serviços em dois lotes, causando sobrepreços de R$ 5 milhões.
O maior sobrepreço, entretanto, foi encontrado no cálculo de fornecimento, fabricação, pintura e montagem de estrutura metálica para estações de parada em aço, item em que o TCM viu diferença de R$ 39 milhões.
Ambos os editais já haviam sido suspensos pela própria Prefeitura em junho, após o TCM apontar outras irregularidades. O imbróglio envolvendo a construção desses corredores se arrasta desde o início da gestão Haddad.
Em 2013, o prefeito lançou um pacote de obras para a construção dos 150 km de corredores de ônibus que prometeu, na campanha eleitoral, concluir até 2016. No início de 2014, a licitação de R$ 4,7 bilhões foi suspensa pelo TCM. Até o momento, esta é a 17.ª licitação que Haddad tenta lançar e é barrado pela Corte.