Greenpeace detecta 14 minas ilegais na Renca
Uma equipe de investigação do Greenpeace sobrevoou na primeira semana de setembro uma das unidades de conservação da gigantesca Renca
AFP
Publicado em 19 de setembro de 2017 às 21h38.
O Greenpeace detectou ao menos 14 minas ilegais e oito pistas de pouso clandestinas na Renca, reserva mineral na Amazônia, que o presidente Michel Temer quer abrir à mineração privada, elevando a preocupação com a falta de controle sobre as atividades, informou a ONG nesta terça-feira.
Uma equipe de investigação do Greenpeace sobrevoou na primeira semana de setembro uma das unidades de conservação da gigantesca Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), entre os estados de Pará e Amapá, onde teoricamente é proibida a mineração privada, e informou as autoridades estaduais e federais sobre a descoberta.
"Sobrevoamos uma pequena parte da Renca e localizamos todos esses pontos em uma única unidade de conservação. Quantos mais podem existir em toda a região?", questionou Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, em um comunicado emitido nesta terça-feira.
"Se o governo brasileiro não tem condições de controlar a ilegalidade atualmente, enquanto a área está sob sua custódia, o que vai acontecer se abrir a Renca para a exploração comercial?", perguntou.
Temer assinou em 25 de agosto um polêmico decreto que extinguia esta reserva de quase quatro milhões de hectares, rica em ouro, magnésio, ferro e cobre.
O presidente disse que a ideia era controlar e dinamizar a atividade de mineração com a participação da iniciativa privada, como parte de seus planos para retirar o Brasil da pior recessão de sua história.
No entanto, os grupos ambientalistas denunciam que a extinção da Renca acelerará o avanço da mineração privada e o desmatamento das áreas de preservação.
Diante da polêmica, Temer eliminou o decreto inicial e assinou poucos dias depois outro muito parecido, mas com mais detalhes sobre a proteção ambiental.
Em 31 de agosto, o Ministério de Minas e Energia suspendeu os efeitos do decreto por 120 dias, prometendo um debate amplo sobre o tema.
Nessa reserva, delimitada em 1984, há nove áreas protegidas de grande biodiversidade, entre elas dois territórios indígenas das etnias Aparai, Wayana e Wajapi.