Água na Amazônia (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2015 às 18h09.
Brasília - O Greenpeace pediu nesta terça-feira que autoridades brasileiras rejeitem os estudos ambientais para a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, na região amazônica, e afirmou que o documento é uma "peça de marketing" que ignora os impactos do empreendimento sobre povos indígenas.
O leilão da concessão da usina foi postergado para 2016 devido a um atraso no processo de licenciamento ambiental, que ainda não foi liberado devido a divergências sobre direitos dos povos indígenas.
O Greenpeace pediu a especialistas que analisassem os estudos de impacto ambiental apresentados pela estatal Eletrobras e um grupo de elétricas interessadas na usina do Tapajós. A conclusão da equipe convocada pelos ambientalistas foi de que os documentos minimizaram os impactos da hidrelétrica, a primeira de três previstas para o rio Tapajós.
"O EIA (Estudo de Impacto Ambiental) parece uma peça de marketing e não uma fonte de informação", apontou o relatório do Greenpeace. Segundo a organização, um estudo mais aprofundado teria mostrado que a hidrelétrica não é socialmente ou ambientalmente viável.
Um dos nove cientistas que realizaram a análise pelo Greenpeace, Philip Fearnside, especialista em Amazônia e mudança climática, disse que é chocante pensar que 11,7 milhões de hectares em território dos indígenas Munduruku seriam alagados, incluindo lugares considerados sagrados pela etnia.
A procuradora federal Deborah Duprat, presente em evento no qual o Greenpeace apresentou suas conclusões, disse que o estudo ambiental da usina do Tapajós é uma "mentira" e uma "fraude".
O grupo de empresas responsável pelos estudos da hidrelétrica, liderado pela Eletrobras, disse que não poderia comentar as conclusões do Greenpeace por não ter conhecimento do documento.
A presidente Dilma Rousseff disse a jornalistas no sábado, durante conferência das Nações Unidas, que as hidrelétricas são uma fonte de energia limpa e que um país grande como o Brasil não tem alternativas a não ser construí-las para atender a demanda por eletricidade.