Novo PAC, aceno ao agro e fim das "invasões": como foi a live de Lula
Lula falou sobre o grande programa de obras que o governo planeja lançar em julho, acenou para o agronegócio e disse que na sua gestão ninguém precisa invadir terras
Redação Exame
Publicado em 13 de junho de 2023 às 11h17.
Última atualização em 13 de junho de 2023 às 12h04.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou nesta terça-feira, 13, uma transmissão ao vivo nas redes sociais com o jornalista Marcos Uchôa. Em uma live, como fazia o ex-presidente Jair Bolsonaro, o petista fez um apanhado dos primeiros meses de trabalho de seu governo.
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Grandes programa de obras
Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira que lançará no dia 2 de julho um "grande programa de obras". O presidente deu as declarações durante uma live com o jornalista Marcos Uchôa para tratar sobre as principais ações do governo.
" A partir do dia 2 de julho, lançar um grande programa de obras. Um grande programa para o desenvolvimento nacional com obras de infraestrutura para todas as áreas."
O presidente também afirmou que quer lançar o um programa "Mais Alimento" para produzir tratores e implementos agrícolas para estimular produção alimentar.
"Queremos fazer programa mais alimento, para produzir trator, implementos agrícolas para pequeno e médio produtor rural brasileiro".
Esta é a primeira live de Lula em seu mandato. A estratégia é a mesma adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que fazia transmissões ao vivo do Palácio do Alvorada.
Desde o início do mandato, a Secretaria de Comunicação do governo vem discutindo um formato para colocar o presidente em contato com a população por meio das redes sociais para falar com público distintos. Lula não tem um celular e não opera os seus perfis nas plataformas. Durante a campanha, chegou a ser perguntado durante entrevista ao Flow Podcast qual seria o endereço de suas redes, mas respondeu que não sabia.
"Ó, lá em casa quem cuida (das redes) é a Janja. No PT, é o Chrispiniano (assessor). Eu não me preocupo... Quer dizer, eu não quero. Eu sou um cara que não tem essa preocupação mais, sabe?".
A ideia da equipe de Lula é que as transmissões do presidente também tenham uma periodicidade definida, mas isso ainda não está fechado. Na terça-feira da próxima semana, o presidente estará na Europa e não deve fazer transmissões. Lula visitará o Vaticano e a França.
Durante a live, Lula afirmou que, além do encontro com Papa, tentará uma agenda com o presidente da Itália e participará também de um debate econômico em Paris.
"Estou indo na Itália visitar o Papa [..] Quero não apenas encontrar com o papa mas eu quero encontrar com o presidente da Itália. Depois vou participar de um debate econômico em Paris que eu vou fazer o encerramento do encontro econômico. Depois o Alckmin vai na Celac, em Bruxelas, numa reunião da América Latina com União Europeia. Vou pedir pro Alckmin ir para eu poder fazer mais umas viagens aqui dentro do Brasil".
Desde a ascensão do bolsonarismo em 2018, a esquerda debate uma forma de ter uma presença mais forte nas redes sociais. Os petistas reconhecem que os adversários conseguem, em geral, uma comunicação mais eficaz e com maior poder de mobilização.
Na campanha, a estratégia digital de Lula foi encabeçada pelo deputado federal André Janones (Avante-MG), que foi o principal braço de embate com o bolsonarismo nas redes. Hoje, no Palácio do Planalto, Lula conta com uma equipe para tocar suas redes sociais, mas segue distante do mundo digital.
Aceno ao agro
O presidente Lula também também falou do plano Safra, que está previsto para anúncio no fim deste semestre. Segundo ele, o plano é voltado "tanto para a agricultura familiar quanto o agronegócio". Lula também reforça que, da parte do governo, não há nenhum objeção à atividade econômica:
"Eu nunca tive problema com o agronegócio. Eu governei por 8 anos esse país. Eles sabem tudo o que fizemos por eles. No nosso tempo, uma dessas máquinas coletadoras (sic) era financiada com 2% de juros ao ano, hoje eles estão pagando 14% a 18% de juros ao ano. Do ponto de vista econômico eles não tem problema conosco. O problema pode ser ideológicos e se for, paciência", disse.
O presidente da República também disse que vem pressionando ministros para avançar nas pautas do governo:
"Eu tenho pressa, e essa pressa eu costumo passar para os meus ministros. Cada um que eu converso, que quinta-feira vou ter uma reunião com ministérios, para cobrar pressa. Não há tempo a peder. Não há tempo para conversa fiada", declarou.
"Não precisa mais invadir terra no meu governo"
Após uma série de invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Lula afirmou que quer fazer uma reforma agrária e que não é preciso invadir terra durante a sua gestão. O petista falou que quer que o Incra disponibilize as informações de todas as terras ociosas do país para realizar assentamento.
"Vamos fortalecer a pequena e média propriedade, vamos fortalecer o agronegócio, vamos continuar fazendo reforma agrária, porque aonde precisar assentar gente, vamos assentar. E é uma coisa importante. Eu disse para o Paulo Teixeira (ministro do Desenvolvimento Agrário) esses dias: não precisa mais invadir terra. Se quem faz o levantamento da terra improdutiva é o Incra, o Incra comunica o governo quais são as terras improdutivas que existe em cada estado brasileiro e a partir dai vamos discutir a ocupação dessa terra. É simples. Não precisa ter barulho, não precisa ter guerra. Precisa ter é competência e capacidade de ocupação."
O Abril Vermelho é uma tradição do MST e marca a data do massacre de Eldorado do Carajás (PA), quando 19 trabalhadores sem terra foram mortos pela polícia em abril de 1996. Neste ano, o movimento promete "a retomada massiva das ocupações de terras, após o período mais severo da pandemia da Covid-19, em que teve como prioridade zelar pela vida das famílias". "Falei para o Paulo (Teixeira). Quero que o Incra me dê a totalidade de terras ociosas que acha que tem no Brasil."
Minha Casa Minha Vida para classe média
O petista afirmou que pretende ampliar o programa Minha Casa, Minha Vida e abranger famílias de classe média. "Nós precisamos fazer não apenas o Minha Casa Minha Vida para as pessoas mais pobres. Precisamos fazer o Minha Casa Minha Vida para a classe média. O cara que ganha R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 8 mil esse cara também quer ter uma casa e esse cara quer ter uma casa melhor".
Atualmente o programa habitacional é voltado às famílias com renda mensal bruta de até R$ 8 mil. "Então vamos ter que ter capacidade de fazer uma quantidade enorme de casas para essa gente. Então vamos ter que pensar em todos os segmentos da sociedade para a gente fazer com que as pessoas se sintam contempladas pelo governo", defendeu Lula.
União Europeia
Lula confirmou que o acordo entre o Mercosul e União Europeia estava no centro das discussões com a líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta última segunda-feira. O ponto de conflito, que está travando as negociações, é as chamadas compras governamentais.
"Eu disse pra ela que nós temos um problema, que nós não aceitamos colocar comprar governamentais no acordo porque se não a gente mata pequena e média empresa brasileira. O que ela disse para mim: 'presidente o que é importante é vocês colocarem no papel o que vocês querem'. Nós colocamos no papel e vamos ver se até o final do ano faz o acordo. Eu quero fazer o acordo e se Deus quiser quero fazer até o final do ano."