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Governo vai cortar gastos em todos os ministérios, diz Mantega

Segundo o ministro, é necessário adaptar o orçamento ao período pós-crise para compensar o aumento nos gastos públicos

Para o ministro, o rigor fiscal a partir de 2011 abrirá espaço para o aumento da poupança pública e a redução dos juros (Wikimedia Commons/EXAME.com)

Para o ministro, o rigor fiscal a partir de 2011 abrirá espaço para o aumento da poupança pública e a redução dos juros (Wikimedia Commons/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2010 às 21h13.

Brasília - O corte de gastos no próximo ano será generalizado e atingirá todos os ministérios, disse hoje (2) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista exclusiva à TV Brasil, o ministro afirmou que os cortes se concentrarão nos subsídios. “Agora é o momento de haver retração dos gastos dos subsídios de modo que o setor privado tenha condições de fazer este papel. Então vamos diminuir os gastos, praticamente, em todos os ministérios. Haverá uma redução de despesas e vamos trabalhar para que as despesas não aumentem.”, disse Mantega.

Segundo o ministro, é necessário adaptar o orçamento ao período pós-crise para compensar o aumento nos gastos públicos nos últimos dois anos. Para ele, o país está cumprindo a função de tornar a política econômica anticíclica, em que o Estado gasta mais em momentos de crise para estimular a economia e amplia o ajuste fiscal em fases de crescimento. “Quando a economia precisava, o Estado foi lá e estimulou. Agora que a economia caminha com suas próprias pernas, o Estado se retira e deixa o setor privado fazer a sua parte”, ressaltou.

“Assim teremos finanças públicas saudáveis, de modo que o Estado possa voltar a gastar mais, se preciso.” Para o ministro, o rigor fiscal a partir de 2011 abrirá espaço para o aumento da poupança pública e a redução dos juros. A redução do gasto público, declarou, impulsionará o consumo e o investimento privados.

O ministro reiterou que o plano de estímulo ao crédito privado de longo prazo ainda não saiu porque envolve a discussão com vários setores. As medidas, informou, envolverão o estímulo ao mercado de debêntures (títulos) imobiliários e de securitização (conversão de dívidas de curto prazo em longo prazo). “Não é um conjunto pequeno de medidas, mas vai ser bom porque teremos mais crédito de longo prazo liberado pelos agentes privados, o que hoje é escasso no país”, avaliou.

Mantega elogiou ainda a aprovação pelo Senado do cadastro positivo. Na avaliação dele, a divulgação da informações sobre os bons pagadores propiciará o corte de juros pelas instituições financeiras e a redução do spread bancário – diferença entre os juros cobrados dos clientes e as taxas pagas pelos bancos para captarem recursos.

“Hoje, o sistema conhece pouco cada um dos que demandam crédito, o que resulta em juros mais altos para todos. O compromisso do setor financeiro é de reduzir o spread ao saber melhor com quem está lidando.” A crise na Europa, afirmou o ministro, trará consequências para o comércio exterior do Brasil por causa da guerra cambial provocada por países que desvalorizam as moedas locais para vender mais aos mercados emergentes.

Mantega, no entanto, ressaltou que o Brasil está preparado para enfrentar turbulências internacionais e assegurou que o crescimento econômico não está ameaçado. “Ela [a crise nos países desenvolvidos] tem consequências para nós, mas como o Brasil está muito sólido e tem forte mercado interno, depende menos do exterior. Porém esses problemas são administráveis, de modo que o Brasil vai continuar crescendo e se desenvolvendo, apesar da crise europeia”, completou Mantega.

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