Brasil

Governo propõe medidas para reduzir documentos públicos com sigilo de 100 anos

Ministro da CGU deve enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional para diminuir decretos com essa duração de segredo em documentos públicos

Ministro da Controladoria Geral União (CGU), Vinicius Carvalho, durante coletiva realizada nesta segunda, 30 (Flickr/ CGU)

Ministro da Controladoria Geral União (CGU), Vinicius Carvalho, durante coletiva realizada nesta segunda, 30 (Flickr/ CGU)

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 18h28.

Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 18h33.

Tudo sobreCGU
Saiba mais

O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, anunciou nesta segunda-feira, 30, uma série de medidas para reduzir os casos de decretação de sigilo de cem anos sobre documentos públicos. Entre as ações, uma portaria assinada por ele exige que o servidor responsável pela classificação de sigilo justifique detalhadamente a decisão. A CGU ficará responsável por monitorar essas justificativas.

A nova norma determina que, caso não haja indicação de prazo de restrição de acesso a informações pessoais em uma decisão, o prazo que a ser considerado para o sigilo será de 15 anos. "O que a gente está fazendo hoje é prever que o órgão tem que fazer essa análise e que na ausência dessa análise o pressuposto é que esse sigilo é de 15 anos", disse o ministro durante a coletiva promovida pela CGU nesta segunda.

"A transparência é a base sólida sobre a qual se constrói uma democracia verdadeira e participativa. Com essas novas diretrizes, reafirmamos nosso compromisso com uma administração pública mais aberta e responsável, onde o sigilo é a exceção, e não a regra. O acesso à informação não é apenas um direito do cidadão, é o alicerce para um governo mais eficiente, inclusivo e democrático", afirmou Carvalho.

Projeto de lei para a LAI

Além disso, o ministro informou que enviará um projeto de lei ao Congresso Nacional para alterar a Lei de Acesso à Informação (LAI) e acabar com o sigilo de cem anos em certos casos.

A proposta obriga que os servidores, ao receberem pedidos de informação, considerem o interesse público na decisão de liberar ou não os dados. Atualmente, muitos pedidos são negados sob a alegação de conter informações pessoais, sem levar em conta o interesse coletivo.

Pela nova proposta, caso o acesso a uma informação seja negado, o servidor terá que justificar formalmente a falta de interesse público no pedido. Isso visa tornar o processo de recusa mais transparente, uma vez que, hoje, essa explicação geralmente não é exigida.

A mudança se baseia em um desconforto dentro da CGU: o número crescente de pedidos negados por diferentes órgãos com base no uso de dados pessoais. Em 2023, foram 1.339 solicitações recusadas por essa razão. O número é próximo ao registrado em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro, com 1.332 requisições rejeitadas.

Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula criticou duramente a prática de Bolsonaro em impor sigilo de cem anos a documentos como sua carteira de vacinação e a lista de visitantes do Palácio da Alvorada. Na época, Lula prometeu acabar com essa prática caso eleito. No entanto, desde o início de seu terceiro mandato, o governo impôs sigilo em casos como a lista de visitantes da primeira-dama Rosângela da Silva (Janja) e a declaração de conflito de interesses do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Com Agência O Globo

Acompanhe tudo sobre:CGUPolítica

Mais de Brasil

Acidente de ônibus deixa 32 mortos em Minas Gerais

Rodovia de acidente que deixou 22 mortos em Minas Gerais é a mais fatal no país

Verão começa hoje e previsão é de menos chuvas na maior parte do país

Mais de 300 mil imóveis seguem sem luz em São Paulo 12 horas após temporal